quarta-feira, 24 de maio de 2017

Prefira temperos caseiros e fuja do Glutamato de Monossódico !

Se tem uma coisa que eu amo é comida temperada com cebola, sal e alho, de forma bem caseira mesmo. Aqui na minha casa há muito tempo abandonamos aqueles temperos prontos de potinho e a comida de maneira alguma deixou de ser saborosa. O que temos feito atualmente é mais ou menos assim:
Uma vez por semana minha mãe pega inúmeras cebolas, pica, coloca no processador com um pouco de óleo e sal (para conservar) e armazena na geladeira – o mesmo ela faz com o alho. Eu, particularmente, acho que a comida fica com gosto sensacional, bem “comida de mãe”, e é prático também; só não dura tanto, mas uma casa com mais que 3 pessoas costuma a consumir bastante tempero, então acaba que nem sobra a ponto de estragar.
O motivo pelo qual resolvemos abandonar esses temperos de potinho (e outros temperos industrializados de um modo geral) é que além de terem muito sódio (o que não é nem um pouco interessante para a minha mãe, que é hipertensa), levam vários aditivos nem um pouco saudáveis – um deles é o glutamato monossódico.
O glutamato monossódico tem como função incrementar o gosto do alimento, deixá-lo mais saboroso – o que seria ótimo se ele não estivesse associado a problemas como dificuldades de aprendizado, Alzheimer, Parkinson e câncer. Você encontra o glutamato em alimentos ultraprocessados, no famoso ajinomoto, em temperos industrializados, ketchups, mostardas e até no molho shoyu.

Se tem uma coisa que eu amo é comida temperada com cebola, sal e alho, de forma bem caseira mesmo. Aqui na minha casa há muito tempo abandonamos aqueles temperos prontos de potinho e a comida de maneira alguma deixou de ser saborosa. O que temos feito atualmente é mais ou menos assim:
Uma vez por semana minha mãe pega inúmeras cebolas, pica, coloca no processador com um pouco de óleo e sal (para conservar) e armazena na geladeira – o mesmo ela faz com o alho. Eu, particularmente, acho que a comida fica com gosto sensacional, bem “comida de mãe”, e é prático também; só não dura tanto, mas uma casa com mais que 3 pessoas costuma a consumir bastante tempero, então acaba que nem sobra a ponto de estragar.
O motivo pelo qual resolvemos abandonar esses temperos de potinho (e outros temperos industrializados de um modo geral) é que além de terem muito sódio (o que não é nem um pouco interessante para a minha mãe, que é hipertensa), levam vários aditivos nem um pouco saudáveis – um deles é o glutamato monossódico.
O glutamato monossódico tem como função incrementar o gosto do alimento, deixá-lo mais saboroso – o que seria ótimo se ele não estivesse associado a problemas como dificuldades de aprendizado, Alzheimer, Parkinson e câncer. Você encontra o glutamato em alimentos ultraprocessados, no famoso ajinomoto, em temperos industrializados, ketchups, mostardas e até no molho shoyu.
Aliás, confesso que tenho evitado esse último apesar de gostar muito. Hoje em dia é extremamente difícil achar molho shoyu sem corante caramelo, glutamato e pencas de açúcar. Segundo o site da Revista Superinteressante, há evidências de que subprodutos (metil imidazol – 4-MI) desse corante sejam cancerígenos. Além de dar as caras no shoyu, ele é usado em bebidas como Guaraná Antartica, Kuat, Sukita e Coca-Cola (e não só nelas, em muitos alimentos também).
Bom, mas nem tudo está perdido: marcas como a Daimaru não usam glutamato ou corante no shoyu. Além disso, evitar temperos/caldos/molhos industrializados (preferir a combinação alho, cebola, sal, cheiro verde e até ervas aromáticas) e ficar sempre atento aos rótulos é uma excelente saída!

Fontes de consulta e referências: Revista Superinteressante 
Uma vez por semana minha mãe pega inúmeras cebolas, pica, coloca no processador com um pouco de óleo e sal (para conservar) e armazena na geladeira – o mesmo ela faz com o alho. Eu, particularmente, acho que a comida fica com gosto sensacional, bem “comida de mãe”, e é prático também; só não dura tanto, mas uma casa com mais que 3 pessoas costuma a consumir bastante tempero, então acaba que nem sobra a ponto de estragar.
O motivo pelo qual resolvemos abandonar esses temperos de potinho (e outros temperos industrializados de um modo geral) é que além de terem muito sódio (o que não é nem um pouco interessante para a minha mãe, que é hipertensa), levam vários aditivos nem um pouco saudáveis – um deles é o glutamato monossódico.
O glutamato monossódico tem como função incrementar o gosto do alimento, deixá-lo mais saboroso – o que seria ótimo se ele não estivesse associado a problemas como dificuldades de aprendizado, Alzheimer, Parkinson e câncer. Você encontra o glutamato em alimentos ultraprocessados, no famoso ajinomoto, em temperos industrializados, ketchups, mostardas e até no molho shoyu.
Aliás, confesso que tenho evitado esse último apesar de gostar muito. Hoje em dia é extremamente difícil achar molho shoyu sem corante caramelo, glutamato e pencas de açúcar. Segundo o site da Revista Superinteressante, há evidências de que subprodutos (metil imidazol – 4-MI) desse corante sejam cancerígenos. Além de dar as caras no shoyu, ele é usado em bebidas como Guaraná Antartica, Kuat, Sukita e Coca-Cola (e não só nelas, em muitos alimentos também).
Bom, mas nem tudo está perdido: marcas como a Daimaru não usam glutamato ou corante no shoyu. Além disso, evitar temperos/caldos/molhos industrializados (preferir a combinação alho, cebola, sal, cheiro verde e até ervas aromáticas) e ficar sempre atento aos rótulos é uma excelente saída!

Fontes de consulta e referências: Revista Superinteressante 

Aliás, confesso que tenho evitado esse último apesar de gostar muito. Hoje em dia é extremamente difícil achar molho shoyu sem corante caramelo, glutamato e pencas de açúcar. Segundo o site da Revista Superinteressante, há evidências de que subprodutos (metil imidazol – 4-MI) desse corante sejam cancerígenos. Além de dar as caras no shoyu, ele é usado em bebidas como Guaraná Antartica, Kuat, Sukita e Coca-Cola (e não só nelas, em muitos alimentos também).
Bom, mas nem tudo está perdido: marcas como a Daimaru não usam glutamato ou corante no shoyu. Além disso, evitar temperos/caldos/molhos industrializados (preferir a combinação alho, cebola, sal, cheiro verde e até ervas aromáticas) e ficar sempre atento aos rótulos é uma excelente saída!


Fontes de consulta e referências: Revista Superinteressante 

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Secretaria de Cultura lança chamada pública para o São João 2017

Certame selecionará entidade para execução do projeto Alagoas 200 Anos - São João em Alagoas

Texto de Daniel Borges
A Secretaria de Estado da Cultura (Secult) divulgou chamada pública no Diário Oficial desta sexta-feira (19.05.2017), para a seleção da entidade que ficará responsável pela organização e execução do projeto Alagoas 200 Anos - São João em Alagoas. Os interessados deverão comparecer à sede da Secult no dia 9 de junho, às 10h.

O edital visa promover o fomento e a difusão das apresentações artísticas e culturais das quadrilhas juninas em todo o Estado, incentivando a valorização das tradições nordestinas e alagoanas e repassando, de forma democrática, os recursos de apoio a essas manifestações.

Poderão participar do chamamento público organizações da sociedade civil sem fins lucrativos que sejam representativas de quadrilhas juninas alagoanas sediadas ou com representação atuante e reconhecida no Estado.

As entidades deverão apresentar certidões negativas referentes à Receita Estadual, Municipal e Federal, FGTS, Trabalhista e Previdenciária, no intuito de verificar, nos termos do regulamento, a regularidade jurídica e fiscal.

A parceria exige ainda a contrapartida em serviços, que devem estar, obrigatoriamente, identificados na proposta, constando uma apresentação gratuita a toda à sociedade, com acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e idosos.
As propostas serão julgadas por uma comissão de seleção, embasada em parecer técnico, de acordo com critérios estabelecidos no edital.

O valor previsto para a realização da parceria é de R$ 120 mil, oriundos de dotação orçamentária própria, prevista no orçamento do Estado para o exercício de 2017.

O edital e documentação necessária estão disponíveis no endereço eletrônico http://www.cultura.al.gov.br/.


quinta-feira, 18 de maio de 2017

Ao Professor

   

 Este modesto livro tem o propósito de tentar contribuir para o redescobrimento de Comenius, o criador da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII, hoje lamentavelmente muito pouco falado nas universidades.

     Com essa redescoberta será possível tentar também o aprimoramento da prática pedagógica do professor, graças aos ensinamentos do grande mestre morávio, contidos na sua obra-prima Didactica Magna.

     Todos sabemos que a missão do magistério nunca foi simples, e, hoje mais do que nunca, encerra uma grande massa de complexidade, exigindo paciência, talento, competência, inteligência e bastante operosidade por parte do professor.
     Então, para “dar conta do recado”, usando uma expressão bem repisada, nada como rever os verdadeiros clássicos, reabsorver seus ensinamentos e pôr em prática o que for possível dentro da pedagogia atual.

     O modismo (e a educação vive disso hoje) muitas vezes nos afasta das coisas boas. Mas fique certo o professor: não há nenhum inconveniente em se trazer para os dias de hoje a pedagogia de Comenius para efeito de reflexão junto a Paulo Freire, Piaget, Vygotsky, Montessori, Emília Ferreiro, Perrenoud, Rubem Alves, Libâneo, Pedro Demo, Saviani e tantos outros luminares da modernidade e da contemporaneidade da educação, pois todos eles, com absoluta certeza, também leram o grande pedagogo da Didactica Magna.

     Para se ter uma idéia da importância e imortalidade dessa obra, basta dizer que foi escrita há mais de quatro séculos e ainda hoje continua em catálogo. Então, Caro Professor, conheça aqui um pouco de Comenius. Leia-o, aproveite o que for possível e bom êxito no seu trabalho de ensinar, de ensinar tudo a todos, como ele queria.

Fonte: Professor Daniel Walker 



segunda-feira, 15 de maio de 2017

Os Dez Mandamentos



Épico produzido pela Paramount Pictures,  filmado em 35mm e Technicolor 
Nos anos 70 foi duplicado para 70mm – Cinerama e Som Stereofonic

Direção: Cecil B. DeMille.
Roteiro: Aeneas MacKenzie, Jesse L. Lasky Jr., Jack Gariss e Fredric M. Frank, baseado nos romances Prince of Egypt, de Dorothy Clarke Wilson, Pillar of fire, do Rev. J.H. lngraham, e 0n Eagle`s Wings, do Rev. G.E. Southon, de acordo com as escrituras.
Fotografia: Loyal Griggs.
Montagem: Anne Bauchens.
Direção de arte: Hal Pereira, Waller Tyler e Albeñ Nozaki.
Figurino: Edilh Head, Ralph Lesler e John Jensen.
Efeitos especiais: John P. Fullon.
Música: Elmer Benstein
Produção: H. Wilcoxon e Cecil B. DeMille, para Paramount . Distribuição em video: CIC
Duração: 3h42min
I
Elenco: Charlton Heston (Moisés), Yul Bryner (Ramsés II), Anne Baxter (Nefertiti), Edward G. Robinson (Dathan), Yvonne De Carlo (Séfora), Debra Paget (Lilia), John Derek (Josué), Sir Cedric Hardwicke (Sethi), Nina Foch (Bithiah), Martha Scott (Yochabel), Judilh Anderson (Memmel), Vincent Price (Baka), John Carradine (Abrão)

A trama: Depois de tomar conhecimenlo da profecia que previa a criação de um libertador entre os escravos hebreus, o faraó Ramsès I do Egito manda matar todos os homens recém-nascidos de mãe judia. Yochabel, no entanto, consegue salvar o seu filho, abandonando-o dentro de uma cesta nas águas do Nilo. Encontrado por Bithiah, a filha do faraó, Moisés é criado como um príncipe. Porém, assim que descobre sua verdadeira origem, dedica.se a libertar o povo de lsrael da escravidão, para conduzi-lo à Terra Prometida.

0 diretor: Cecil B. DeMille nasceu em Ashfield, EUA, no ano de 1881. Pode-se dizer que ele foi o fundador de Hollywood, tal como ela é hoje conhecida. Juntamenle com Jesse L. Lasky e Samuel Goldfish (depois Goldwyn), criou o que viria a ser a Paramount Pictures, nos arredores de Los Angeles, catalizando uma tendência iniciada por pequenos cineastas. Sua prática é conhecida pelo esmero nas produções, que vão desde fabulosos épicos históricos e biblicos até luxuosos dramas e comédias de alcova. Denlre seus longas mais famosos estão: 0 Rei dos Reis (1927), Sansão e Dalila (1949), 0 Maior Espetaculo da Terra (1953), premiado com o 0scar de melhor filme, e 0s Dez Mandamentos. Também alor e ro- lerisla, recebeu ainda um 0scar pelo conjunlo da obra, em 1950. Morreu em 1959, depois de reealizar 70 filmes.

CONTEXTO HISTÓRICO

O filme retrata importantes passagens na vida dos hebreus, que por volta de 1250 a C. conduzidos por Moisés, fogem do Egito, onde viviam na condição de escravos, para Palestina. Essa fuga é conhecida na Bíblia como "êxodo". A Bíblia relata que, depois da travessia do mar Vermelho, os israelitas vagaram durante 40 anos no deserto antes de atingirem a Palestina. No alto do monte Sinai, Deus revelou-se à Moisés, que recebeu as Tábuas da Lei (10 mandamentos gravados em duas tábuas de pedra). Acredita-se que o monte Sinai, com 2300 metros de altura, seja a montanha Jebel Musa ou "montanha de Moisés", parte de um grupo de picos no sul da península do Sinai. Ao revelar-se para Moisés, Deus teria estabelecido uma aliança com os filhos de Israel, que mesmo assim, desviaram-se da crença em um único Deus - Iavé (aquele que é) - adorando um bezerro de ouro, enquanto Moisés dialogava com Deus no alto do monte Sinai. Moisés morreu antes de ver seu povo entrar na Terra Prometida.
Essa história é conhecida sobretudo graças à Bíblia, que em sua primeira parte, o Antigo Testamento, relata os principais acontecimentos políticos e religiosos da Palestina, região mediterrânea do Oriente Próximo habitada naquela época por vários povos nômades de origem semita como filisteus, cananeus, hebreus e arameus. Esses últimos foram singularmente importantes, porque sua língua (o aramaico) era falada por todos os comerciantes do Oriente Próximo e Médio e pela grande maioria dos povos que habitavam as terras entre os rios Eufrates e Nilo.
O Antigo Testamento é uma importante fonte de informações históricas, sendo necessário contudo, muito cuidado na sua utilização, já que as diversas partes que o compõem foram escritas em períodos distintos, além da questão da linguagem bíblica ser simbólica, o que exige uma interpretação mais racional dos fatos narrados.
O contexto histórico dos hebreus e dos demais povos da região, foi marcado de uma forma geral pelo Modo de Produção Asiático, o sistema que predominou entre as primeiras civilizações da História durante a Antiguidade Oriental. Nesse modo de produção as terras cultiváveis eram propriedade do Estado ou dos deuses, sendo que os camponeses que executavam o trabalho, tinham apenas a posse coletiva. A importância da água dos rios na vida desses povos foi vital para o desenvolvimento agro-pastoril, sendo que suas civilizações ficaram genericamente conhecidas como hidráulicas ou ribeirinhas. No caso dos hebreus e demais povos da Palestina, destaca-se a presença dos rios Jordão e Orontes, que como outros rios do Oriente, permitiram a construção de diques, açudes e canais de irrigação para o ruralismo que marcou a maior parte das civilizações do Oriente Antigo.

Fonte: www.historianet.com.br


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Sebastião Dias, o grande poeta da viola



SEBASTIÃO DIAS FILHO (13-09-1950, Sitio Timbaúba, Ouro Branco), então município de Jardim do Seridó-RN, do qual foi desmembrado em 21-11-1953, mas instalado oficialmente desde 16-07-1905, data de sua primeira feira, como povoado Espírito Santo. Com esse registro, baseado em informações do próprio poeta e em Luís da Câmara Cascudo (Nomes da Terra, Fundação José Augusto, 1968, p. 222), corrijo falha em meu livro REPENTES E DESAFIOS, Centro Gráfico do Senado Federal, 1985, p.235), no qual constou a cidade de Caicó como berço do excepcional repentista. Contudo, corroboro o que dele disse naquela obra: (...) “é uma das mais fortes expressões do repente nordestino. Simpático, inspirado, canta bonito e goza de justa fama em toda a região por onde se estende a magia de seu talento”.Sem sombra de dúvida, Sebastião Dias é um dos mais completos artistas da viola.

 Poeta de inspiração encantadora pela beleza e raridade das imagens que esbanja em seus improvisos. Poucos cantadores se aproximam dele no brilho da poesia, na doçura e na sonoridade dos versos, que surpreendem e fascinam a todo instante. Chamam-no o Chico Buarque da Viola, mas o famoso autor de CONSTRUÇÃO e outros marcos indeléveis da música brasileira não tem o dom do improviso com que as musas bafejaram nosso Sebastião Dias, esse superdotado do repente cuja lira jamais desafinou. Canário sertanejo, seu destino é cantar, e assim nos encanta com o alumbramento de sua imaginação privilegiada, criativa, inesgotável. Em suas mãos, a viola atravessa para o terceiro milênio elevada e vitoriosa, buscando caminhos de um futuro de sonho e de poesia imorredoura.

Numa de suas grandes cantorias, o assunto girava em torno dos sofrimentos da criança pobre do sertão. Seu companheiro observou:

“Como é grande o sofrimento
da criança sem destino!”

Sebastião, nesta sextilha, pincelou um quadro de tristeza, mas também de beleza e realismo :
“Já é hora em que o menino
na calçada come fuba,
debaixo de uma choupana
coberta de carnaúba,
dessas que a ventania
com qualquer sopro derruba!”

(Fontes: diversas informações verbais).

Num festival de repentistas em Patos-PB, Sebastião da Silva cantava com Dias, e, já cansado, disse:
“Fui o escravo da festa
e o espetáculo termina!”

Sebastião Dias, em grande inspiração, rematou:

“Um parte para Campina,
outro para Guarabira,
e eu, como aventureiro,
vou em busca de Tabira...
Quem disser que sou feliz,
Podem dizer que é mentira!”

(Fonte: Damião Galvão, Serra Negra do Norte-RN).

Sebastião fazia feliz temporada em São Paulo, mas com muita saudade da terra querida, onde deixara amigos e parentes. Numa cantoria, o companheiro lhe cedeu esta deixa:
“Como é que você está
nesta terra bandeirante?”

Sebastião improvisou inspirado e saudoso:

“Na Capital Bandeirante
eu vim fazer um passeio,
mas, ao deixar o Nordeste,
parti a alma no meio...
Ou vem a banda de lá,
Ou vai a banda que veio.

Numa cantoria em João Pessoa - PB, num local junto à lagoa que embeleza o centro da cidade, havia um painel com muitos quadros de coisas do sertão. O companheiro de Sebastião fez esta referência: “É sertão por todo canto.”

Sebastião atentou para a pintura de uma garça e fez esta beleza de sextilha:

“O pintor caprichou tanto
e a pintura está tão boa,
que até a garça pintada
no aceiro da lagoa
está tão linda e perfeita
que se espantar ela voa.

(Informante: Aquino Neto – Natal – RN)

Numa cantoria, quando o assunto era a natureza, o parceiro de Sebastião fechou assim uma sextilha: “Toda a natureza treme/ na luz do sol escaldante.” Dias completou:
“Dessa hora por diante
a terra aclama o mormaço;
um pedaço de jurema
se esfrega noutro pedaço;
parecem duas pessoas
pegando queda-de-braço.”

(Fonte: Geraldo Amâncio/Wanderley Pereira, DE REPENTE, CANTORIA, Press. Publicitários Associados, Fortaleza, s/d, p. 120).
Falando sobre quadros do inverno, Sebastião Dias, em sete-linhas, improvisou:
“Quando o chão está molhado
aparecem coisas boas:
se levantam cogumelos
que as capas parecem broas;
os sapos chocam de ruma;
bordam com cachos de espuma
o cenário das lagoas.”

(Fonte: idem, idem, p. 120).

Com o cantador Pedro Alcântara, Dias homenageava Severino Pinto que morrera havia pouco tempo. Alcântara ofereceu estas deixa; “No final da existência/findou aleijado e cego.” Dias cantou comovido:

“Hoje a Bandeira do Nego
hasteou só a metade;
a Paraíba chorou
como uma irmã com saudade,
porque Pinto do Monteiro
partiu para a eternidade.”

(Fonte: idem, idem, p. 161).

Afugentando preconceitos, Dias cantou certa vez assim:

“O cemitério é a casa
dos nossos restos mortais;
ambição, ódio e vingança
ficam do portão pra trás,
porque, do portão pra frente,
todos nós somos iguais.”

(Fonte: idem, idem, p. 271).

Quando cantava com Geraldo Amâncio, num festival, na cidade de Paulista – PB, Sebastião brindou a platéia com esta estrofe de grande beleza:

-Na madrugada altaneira,
geme o vento atrás do monte;
um cururu toma banho
na água fresca da fonte
e a lua dorme emborcada
no colchão do horizonte.

(Fonte: o poeta José de Sousa, de Paulista – PB).

Em Brasília, Sebastião cantava na comemoração do nascimento de dois filhos gêmeos de um senhor chamado Paulo, dono de uma panificadora. Sobre o evento, disse de improviso:

-Paulo tem duas estrelas
dentro das suas manhãs:
Uma mãe teve dois filhos
Para invejar outras mães
E um bom padeiro inventou
Uma forma pra dois pães.

(Fonte: Romão Gomes de Olinda, Brasília – DF).

Após uma dessas cruéis estiagens nordestinas, um companheiro de cantoria, discorrendo sobre o assunto, concluiu assim uma sextilha: “Agora a seca sumiu.”
Sebastião, o mago das belas imagens, completou:

-Depois que a chuva caiu,
ficou verde o arrebol,
a babugem cobre o chão;
parece um verde lençol,
cicatrizando as feridas
das queimaduras do sol.

(Fonte: o poeta Ademar Macedo, Natal – RN).

Numa cantoria em Brasília, Sebastião recebeu esta deixa interrogativa do companheiro: - “Me diga como deixou /a nossa Campina Grande”. Sebastião, em seu largo estilo, respondeu:

-Deixei uma seca grande
no Nordeste brasileiro:
de verde, só aveloz,
papagaio e juazeiro,
que o Nordeste, pra sorrir,
tem que Deus chorar primeiro!

(Fonte: Idem).

Falando de coisas tristes, certa vez Sebastião improvisou assim:

-É um dia de tristeza
quando a mãe para o céu vai.
Os filhos se cobrem em prantos;
O caçula diz: ô pai,
Não vê, mamãe ta dormindo!
Abra o caixão que ela sai!

(Fonte: Normando Vasconcelos, obra citada, p. 194).

O mesmo pesquisador, num pé-de-parede, após um festival ocorrido em Arcoverde – PE, em 1995, anotou estas belas sextilhas de Sebastião, cantando com Valdir Teles, em seguida à apresentação de Severino Ferreira e Severino Feitosa:

-A Feitosa e a Ferreira,
pedir licença eu queria,
para dar um empurrão
no final da cantoria,
pra ver o corpo da noite
cair por cima do dia.

-Vou me tornar vagabundo,
cantar pra o meu público fã,
que Deus, em forma de nuvem,
está por detrás da chã
pra ver o rosto do dia
nos espelhos da manhã.

(Obra citada, págs. 194/195).

O jovem cantador Diomedes Mariano, sentindo-se meio sufocado na cantoria, pediu a Sebastião: - “Sebastião, por favor /deixe eu cantar à vontade!” Sebastião atendeu ao pedido do colega principiante, mas ainda deu duro em cima do menino:

-Pode cantar à vontade
se apresentando pro povo,
que eu não vou jogar terra
na cara de um pinto novo
que está com o bico de fora
e o resto dentro do ovo!

Obs. Do livro REPENTISTAS DO NORDESTE

Fonte: www.culturapopularetc.blogspot.com.br

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Tricampeão alagoano: CRB faz 3 a 2 no CSA e conquista título estadual pela 30ª vez

Por  João Victor Souza

CRB - Clube de Regatas Brasil - Tri-Campeão Alagoano 2017


O Clássico das Multidões ganhou um novo capítulo na tarde deste domingo (07), no Estádio Rei Pelé. Após vencer o CSA pelo placar de 3 a 2, o CRB conquistou o título do Campeonato Alagoano 2017 pelo terceiro ano consecutivo e ganhou o troféu pela 30ª vez. Adalberto, Maílson e Neto Baiano marcaram para o alvirrubro, enquanto Celsinho e Daniel Costa balançaram as redes para a equipe maruja. Os gols foram marcados no primeiro tempo.

Como venceu o jogo de ida por 1 a 0, o Galo teve a vantagem do empate neste confronto. Porém, o clube regatiano adotou uma postura ofensiva no início e esteve sempre à frente do marcador. O Azulão, por sua vez, precisava de um triunfo por dois gols de diferença para ser campeão após os 90 minutos do tempo regulamentar e não conseguiu.
Bons de cabeça
A bola aérea foi a melhor opção para as equipes no início do clássico. Com a postura ofensiva, o Galo conseguiu o primeiro gol aos 11 minutos. Edson Ratinho cobrou escanteio em direção ao meio da grande área, Adalberto subiu mais que a zaga azulina e cabeceou para o fundo do gol de Mota. 
O Azulão tentou igualar o marcador em seguida. Daniel Costa aproveitou cruzamento de Rafinha, e de cabeça, obrigou Juliano a fazer uma grande defesa. Porém, o arqueiro regatiano não evitou o gol de Celsinho. Aos 17', o lateral apareceu sozinho na segunda trave e cabeceou com precisão a bola lançada por Thiago Potiguar.
O empate deu um ânimo para o time marujo buscar a virada, mas o Galo não deixou a torcida azulina comemorar por muito tempo. Após lançamento da esquerda, Danilo Pires ajeitou a bola para Maílson cabecear para as redes do CSA. O alvirrubro, mais uma vez, ficou com a vitória parcial.
Mais emoção
Atrás do placar pela segunda vez, o Azulão tentou se recuperar no confronto. Didira experimentou de fora da área e Juliano voltou a defender. Assim, o time de Oliveira Canindé seguiu criando oportunidades para empatar, mas o Regatas conseguiu complicar ainda mais a situação da equipe maruja. Neto Baiano recebeu passe dentro da área, se aproveitou da falha do sistema defensivo do rival e marcou o terceiro.
Com a boa vantagem construída, o CRB buscou diminuir o ritmo do clássico. Porém, Daniel Costa tratou de colocar mais emoção na decisão. O meia cobrou falta com categoria e acertou o ângulo direito de Juliano. A equipe azulina ainda tentou empatar antes do término da primeira etapa, mas o jogo foi para o intervalo com o placar de 3 a 2 para o Galo.
Placar não muda e CRB leva troféu

Com a missão de marcar mais dois gols para levar a decisão para a prorrogação, o CSA se lançou ao ataque na segunda etapa. O volante Dahwan resolveu arriscar de longe e carimbou a trave do alvirrubro. O CRB entendeu a proposta do Azulão e optou por jogar no contra-ataque para definir a final. Em um lance rápido, Emaxwell driblou a defesa maruja pelo meio e finalizou no canto direito de Mota. O goleiro defendeu em dois tempos.
O time azulino seguiu em cima nos minutos finais e fez Juliano se destacar. Após cruzamento de Potiguar, Cleyton acertou uma bela cabeçada, mas o goleiro operou um milagre e salvou o Galo de sofrer o terceiro gol com uma defesa em cima da linha. A redonda ainda tocou no travessão. 
Mesmo com a insistência do Azulão, o CRB conseguiu manter o resultado do primeiro tempo e comemorou pela 30ª vez o título do Campeonato Alagoano.



domingo, 7 de maio de 2017

BRASÍLIA – UMA HOMENAGEM AOS CANDANGOS

Autoria de LuDiasBH



Esta foto memorável de René Burri, tirada em 1960, é uma das mais fascinantes que já vi. Retrata um dos muitos construtores da capital federal brasileira, o chamado candango, nome dado aos operários vindos, em sua maioria, do Nordeste do país, responsáveis pela construção de Brasília, levando sua família para conhecer a cidade que acabava de nascer na região Centro-Oeste de nosso país.
Chega a ser comovente a admiração das crianças, com suas roupas domingueiras, olhando extasiadas para cima, possivelmente diante de um grande edifício de Brasília. O maiorzinho deles, à esquerda, enverga todo o pescoço para trás, no intuito de visualizar o máximo possível. A menininha, com seu vestido branco de babados, não se mostra menos arrebatada. Chega a tapar a boca para que apenas os olhos trabalhem. O segundo garotinho, visivelmente surpreendido, talvez pelos poucos anos de idade, ainda sem uma compreensão maior do que vê, bota a mão na cintura e encosta-se na mãe buscando segurança, provavelmente pensando: “Vai que essa coisa não se encontre bem segura e despenque-se sobre mim!”. O pequenino, com os olhos voltados para baixo, nos braços da zelosa mãe, e recostado em seu seio, não está nem aí para nada. Pressente que é preciso conhecer outras coisas, primeiro.
O pai e marido orgulhoso, metido num velho terno amarrotado, sorri, possivelmente pensando: “Eu ajudei a construir este mundaréu!”. No braço esquerdo carrega a bolsa da mulher, já com seu fardo, e na mão direita traz um cigarro. Prende a sua mocinha pelo braço, deixando visível a aliança, insígnia de homem de família daqueles tempos. A mãe e esposa, trajando um vestido de tecido fino estampado e de mangas fofas, com os cabelos jogados para trás e brincos pendentes, traz uma sombrinha aberta com a intenção de proteger seu pimpolho do forte sol do Planalto Central. Ela olha encabulada. Apesar de não esboçar um sorriso, deve estar matutando: “E pensar que meu homem ajudou a construir tudo isso!”.
Ao olhar esta foto, várias perguntas borbulham em minha mente. O que foi feito desse senhor e de sua família? Como vive hoje cada uma dessas crianças? O trabalho árduo do pai beneficiou-as no futuro? O que os governantes do país, que anos após anos habitam as mansões luxuosas e os gabinetes atapetados e refrigerados de Brasília, com seus salários insondáveis, têm feito por aqueles de mãos rudes, como as desse senhor da foto, que ainda assim pensava estar construindo um grande e mágico futuro para seu país? Seu orgulho terá valido a pena? Os filhos e netos dos candangos estarão menos sofridos hoje do que estiveram naquela época? Ou tudo continua como dantes, com os interesses voltados apenas para o capital? Nas tribunas dos Três Poderes, o ser humano é o foco das atenções ou estas estão voltadas apenas para o GRANDE CAPITAL, que sempre acaba pousando nos Bancos? A Justiça que ali finca morada merece realmente ser chamada de tal? Eis a questão!
O fotógrafo suíço René Burri (1933-2014) clicava com a alma tamanha é a beleza das imagens que aprisionava com sua câmara. Ele trabalhava para a agência “Magnum Photos”, tendo deixado retratos memoráveis de celebridades. Fotografou em diferentes partes do mundo, tendo com o Brasil uma longa relação, clicando muitas imagens de nossas metrópoles e de nosso povo. E a capital brasileira não podia ter ficado fora de suas lentes. Fotografou-a diversas vezes, inclusive na sua inauguração. Chegou a publicar um livro, em 2011, no qual reuniu os registros que fez de Brasília.
Nota: imagem copiada de https://br.pinterest.com
Fonte: www.virusdaarte.net



sexta-feira, 5 de maio de 2017

Dia Nacional do Expedicionário – 5 de maio

Conheça mais sobre a origem do Dia Nacional do Expedicionário



Anualmente, o Dia Nacional do Expedicionário é celebrado no dia 5 de maio. Esta data serve de homenagem a todos os membros que formaram a chamada FEB – Força Expedicionária Brasileira, esta que é considerada como uma força militar de luta que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial ao lado de aliados e contra os fascistas e nazistas da Europa.

Esta força servia como uma divisão específica do exército comandada pelo general João Batista Mascarenhas de Morais, o que liderou em sua totalidade a atuação de militares brasileiros na conhecida “Campanha da Itália”, iniciativa que ocorreu entre os anos de 1944 a até 1945.

Foram mais de 25 mil soldados encaminhados para a Europa durante a Segunda Guerra Mundial a partir de uma iniciativa da FEB.A comemoração desta data não é oficializada no calendário brasileiro, em contrapartida, a iniciativa é celebrada como uma forma e homenagem a coragem e a bravura de militares da FEB que estiverem em luta contra os terríveis abusos que foram provocados pela guerra no Brasil e também no mundo.

Curiosidades do Dia nacional do Expedicionário


A iniciativa que criou o Dia Nacional do Expedicionário veio a partir do resultado de uma campanha gloriosa, sem que o Brasil ficasse devendo nada a nações militarmente tradicionais.Apesar disto, a força brasileira teve o registro de mais de 400 baixas nas batalhas de Monte Castello, Montese e Fornovo, o que foi o difícil preço da garra e da coragem dos nossos militares pracinhas. 

A partir de meados dos anos 60, o exército passou por uma reformulação de tecnologia, devidamente acompanhado no ritmo de crescentes industrializações brasileiras, permitindo desta forma o oferecimento de tropas, bem como armamentos e equipamentos que são devidamente projetados e fabricados pelo Brasil.

Foi totalmente renovado ainda, como resultado da iniciativa, o sistema de instrução, e forma feitas as divisões atuais de exércitos, bem como de brigadas, além de algumas combinações de tropas leves e mais flexíveis, para que pudessem se adaptar da melhor forma possível as particularidades do ambiente.

Em suma, a data é comemorada em homenagem tanto aos mortos como aos que retornaram e fizeram parte da Força Expedicionária Brasileira, o que lutaram na campanha da Itália, em todo o evento negativo da Segunda Guerra Mundial, trazendo um certo prestígio para o Brasil como uma nação militar.

Fonte: www.colegioweb.com.br



terça-feira, 2 de maio de 2017

AINDA TENHO GUARDADA A MINHA CARTA DE ABC

         
   
O autor foi menino do campo, estudou em escola rural e nas primeiras escolas públicas de sua cidade. Talvez por isto, ele guarda na memória as coisas que marcaram seu passado. Conservou por muito tempo todo material escolar que passou por suas mãos, resolvendo, em seguida, eliminar uma parte desse acervo que não poderia mais ser mantida em face da ação do próprio tempo. Porém mantém ainda em seu poder muitas coisas que causam sensação forte a quem delas tomar conhecimento. Só para dar um exemplo, o autor dispõe ainda de sua Carta de ABC e de sua Tabuada, ambas em perfeito estado de conservação. Foi revendo todo esse material que o autor escreveu o mote a seguir. É um trabalho constituído por rimas raras, também chamadas preciosas, no qual se pode perceber o cuidado rigoroso do poeta no sentido de não repetir palavras.


Ela me faz recordar
a minha infância primeira,
Maria Gomes Pereira
professora do lugar,
que me mandava estudar
e eu não sabia o porquê,
pois criança não prevê
do futuro quase nada
- Ainda tenho guardada
minha Carta de ABC.

Suas laudas têm clareza,
não possui palavra omissa,
no final, diz que a preguiça
é a chave da pobreza,
conserva ainda a beleza
pois quem observa vê
que entre os sinais A e Z
não há letra amarrotada
- Ainda tenho guardada
minha Carta de ABC.

Até já mudou de cor
por ação que o tempo faz,
porém conserva os sinais
que expressam o seu valor,
na história de doutor
integra um só dossiê,
se alguém perguntar, cadê?
Também mostro a taboada
- Ainda tenho guardada
minha Carta de ABC.

Com dez folhas dá abrigo
a todas letras maiúsculas;
logo em seguida, as minúsculas
feitas num formato antigo,
porém conservo comigo
para mostrar a você;
a capa um pouco fumê,
por dentro, bem conservada
- Ainda tenho guardada
minha Carta de ABC.

Uma caneta luxenta
digna de ir ao museu,
que Crisantina me deu
em dezembro de setenta,
de preta ficou cinzenta
e o bico parece um tê,
mas quem botar tinta vê
riscar sem fazer zoada
- Ainda tenho guardada
minha Carta de ABC.

Olho tudo e me comovo
por força das emoções,
o livro Minhas Lições
ainda está quase novo;
aquela Cartilha o Povo,
alguém, querendo, inda lê,
tem formato de carnê
e a capa é toda ilustrada
- Ainda tenho guardada
minha Carta de ABC.

Aquela prova bonita
em folhas grandes de almaço,
abaixo da nota, um traço;
na borda, um laço de fita,
hoje parece esquisita,
mas faz bem a quem revê,
nem por troca de cachê
eu a deixo abandonada
- Ainda tenho guardada
minha Carta de ABC.

Meu livro de matemática
do autor Marcius Brandão,
Programa de Admissão
que tornou-me a vida prática,
também guardei a gramática
que hoje me faz mercê,
pois a aula da tevê
deixa uma dúvida danada
- Ainda tenho guardada
minha Carta de ABC.

Pode alguém mangar de mim
porque tenho conservado
o caderno do ditado
e as notas do boletim,
todo poeta é assim
de louco possui um quê,
muito mais doido é você
que não se lembra de nada
- Ainda tenho guardada
minha Carta de ABC.

Enviado por Pedro Ernesto Filho – O poeta do Carirí Cearense


Fonte: www.perfilho.prosaeverso.net

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Algarismos e relógios

Por Jair Clopes

Por volta de oito mil anos antes de Cristo surgiu na Babilônia a prática de usar pequenas placas de barro com marcas para se referir a objetos. Esses símbolos registravam principalmente número de coisas a serem compradas e vendidas como carneiros, cerâmicas e peles. Peças de barro diferentes se referiam a diferentes objetos ou quantidade de objetos. A partir daquele momento, os carneiros podiam ser contados mesmo que não estivessem presentes, o que tornou o comércio e o armazenamento de estoque muito mais fluídos, muito mais fáceis de serem contabilizados. Foi o nascimento do que chamamos de números.
No quarto milênio aC, na Suméria, região que faz parte do hoje vilipendiado Iraque, esse sistema simbólico evoluiu para a escrita em que um graveto pontudo era pressionado no barro úmido, A primeira representação dos números era em forma de círculos ou das unhas dos dedos. Por volta de 2700 aC, o marcador tinha a ponta achatada e as marcações pareciam pegadas de pássaros, com marcas diferentes representando números diferentes.
Essa escrita, chamada cuneiforme, marcou o começo de uma longa história dos sistemas de escrita ocidentais. É interessante pensar que o início do que viria a se chamar literatura foi uma mera consequência residual da notação numérica inventada pelos mercadores mesopotâmicos.
Na escrita cuneiforme só havia símbolos para 1, 10, 60 e 3600, o que significa que o sistema era um mix de base 60 com base 10. Dá para notar alguma semelhança com nosso sistema de marcação de tempo? Com nossos relógios que marcam minutos e segundo na base 60, mas os dividem em 10 e submúltiplos? A razão para os sumérios agruparem os números em múltiplos de 60 já foi descrita como um dos maiores mistérios não resolvidos da história da aritmética.
Os babilônios que fizeram grandes avanços em matemática, astronomia e astrologia (inventaram o Horóscopo Planetário do qual falarei em outro texto), adotaram a base sexagesimal suméria, e depois os egípcios, seguidos pelos gregos, basearam seus métodos de medida do tempo no método babilônico – razão para nossos relógios dividirem a hora e os minutos em 60 unidades. Estamos tão acostumados a medir o tempo na base 60 que normalmente não questionamos esse fato, embora seja algo não explicado.
Contudo, a França depois da revolução, queria passar a limpo tudo que via como incoerências do sistema adotado até então. Quando a Convenção Nacional, em 1793, introduziu o sistema métrico para pesos e medidas, tentou-se colocar o tempo dentro dosistema decimal também. Assim, um decreto estabeleceu que os dias seriam divididos em 10 horas, cada hora em 100 minutos, cada minuto teria 100 segundos. O horário decimal tornou-se obrigatório em 1794, e nos relógios fabricados na época as horas iam até 10. Mas o novo sistema não foi assimilado pela população e foi abandonado depois de seis meses. Na verdade, os relógios que foram fabricados naquela época são verdadeiras raridades cobiçadas pela tribo dos colecionadores, na qual me incluo.
Mas, recentemente, em 1998, o conglomerado suíço Swatch lançou o relógio Swatch Internet Time, que divide o dia em mil partes chamadas “beats”. Eles venderam os relógios que mostravam uma “visão revolucionária do tempo” por mais ou menos um ano antes de, constrangidos, retirarem o produto do mercado diante do fiasco de vendas. Nossa mente está sexagesimada demais quando se refere ao tempo, não há como desprogramá-la num estalar de dedos.
Trabalhei algum tempo numa empresa de taxi aéreo em Curitiba, onde a marcação de tempo nos relatórios de voo se fazia na base decimal. As horas eram divididas em 100 minutos e assim eram registradas. Confesso que, no começo, além de parecer idiossincrasia ociosa da empresa, tive certa dificuldade em “desprogramar-me” do sistema sexagesimal, transformar cada fração de seis minutos em dez minutos me confundia um pouco. Depois, passou a parecer natural uma marcação decimal tão mais divisível e multiplicável para atribuir valores em dinheiro pelas horas voadas.
Quanto à marcação numérica dos primeiros mostradores, o uso de algarismos romanos foi a opção preferencial porque conferia certo charme aos relógios. Normalmente era usada a notação usual dos numerais romanos: I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XI e XII. Contudo, a marcação da quarta hora passou a ser IIII em consequência de um acidente ferroviário na Inglaterra no século dezenove. Consta que o encarregado de uma estação confundiu o VI com o IV e informou através de telégrafo, como era costume, o horário errado que o trem deveria sair. Em sentido contrário foi despachado outra composição pela mesma linha supondo que, pelo horário informado, o comboio só sairia duas horas depois, foi uma colisão frontal que resultou em dezenas de mortos e feridos. As autoridades inglesas resolveram então mudar os mostradores para evitar nova confusão, assim, até hoje ainda temos relógios com marcação IIII ao invés de IV para informar a quarta hora.
De qualquer forma, com ou sem números romanos, os relógios são mecanismos que cativam os seres humanos desde sua invenção, atribuída ao arcebispo de Verona chamado Pacífico no ano 850 de nossa era. Confesso que sou fascinado por relógios mecânicos, os coleciono e agora estou à procura de alguns exóticos como relógios de mecanismo totalmente de madeira. Algarismos e relógios são uma combinação irresistível.

Fonte: www.jairclopes.blogspot.com.br