Nelson da Rabeca
Nelson dos Santos, conhecido como Nelson da Rabeca (Joaquim Gomes, 12 de março de 1929), é um rabequista, acordeonista e compositor brasileiro, natural de Alagoas.
Assim como sua família, sua principal ocupação sempre foi a agricultura, principalmente a lavoura da cana-de-açúcar, onde trabalhou por anos como cortador de cana, até ele descobrir o talento para música. Casado com Benedita da Silva, que o acompanha como vocalista, ele tem dez filhos, alguns dos quais também músicos.
Sem ter frequentado escola, portanto, sem saber ler, e sem precedentes musicais na família, Nelson aprendeu a tocar rabeca sozinho, aos 54 anos de idade, ao ver um violino pela televisão. Nelson “apaixonou-se pelo instrumento e decidiu fazer o seu próprio”.1
Sediado em Marechal Deodoro, em Alagoas, paralelamente ao trabalho na agricultura, toca rabeca e compões baiões, xotes, marchas e forró pé-de-serra. Também toca acordeão. Começou a construir rabecas na década de 1970, alcançando renomada originalidade e perfeição no ofício que aprendeu sozinho, seguindo um processo de experimentação, até chegar a um resultado que lhe satisfizesse. Para seu trabalho, pesquisa madeiras diferentes, objetivando a beleza e o resultado sonoro do instrumento. Sua madeira preferida é a jaqueira que, segundo ele “além de ser bonita e dar bom som, não acaba nunca”. Escolhe madeiras duras e pesadas para a construção de seus instrumentos que têm como marca serem robustos e resistentes.
“Tenho um violino que ganhei de presente, mas a rabeca que eu faço é muito melhor. Pode até ser feia, mas o som é bom. Duvido um violino ser tão forte e resistente”, desafiou Nelson, em meio a uma dúzia de rabecas em construção nos fundos da casa onde mora, em Marechal Deodoro.
Em 2009, o mestre Nelson da Rabeca foi selecionado pelo Conselho Estadual de Cultura de Alagoas para integrar o Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Alagoas
www.cultura.al.gov.br
Dona Maria Flor
Maria Flor dos Santos, é mulher vaidosa. Aos 79 anos não abre a mão dos anéis, nem dos colares. As unhas estão sempre bem pintadas. É uma rainha. Já foi Estrela do Ouro e por último, mestra. Tem saber reconhecido pela Lei do Patrimonio Vivo de Alagoas. Desde menina dedica a sua vida ao guerreiro.
Nascida no Engenho Prazeres, Flexeiras – Alagoas, Maria Flor, com 10 anos começou a brincar no guerreiro. “ Ninguém da minha família dançava. Só eu. Muito nova, fui Estrela de Ouro e Rainha. As meninas tinham inveja de mim “, lembra.
Pouco tempo depois chegou a Maceió – “com 20 anos e poucos anos -, foi trabalhar no Guerreiro do mestre Jorge Ferreira, na Chã de Bebedouro, onde brincou dois anos. Mas tinha que criar o meu próprio guerreiro, ser dona da brincadeira.
Com 25 anos criou o Guerreiro Vencedor Alagoano, na Chã da Jaqueira. Daqueles tempos sente saudade. “ Há dois anos o guerreiro está parado “ conta, desolada. O motivo se deu por conta das diferenças com outro mestre do grupo: Juvenal Leonardo.
No entanto, as peças do auto são cantadas todos os dias, em casa mesmo. Dona Flor, como é mais conhecida, vive hoje com uma bisneta e a única tataraneta, a pequena Rita de Cássia, seu xodó. “ Ela canta todas as manhãs as peças do guerreiro. Os meninos enchem a casa e ela se distrai, brinca com eles, lembrando as apresentações “, revela a neta Aurizete Flor dos Santos.
Quanto ao futuro, a esperança de Dona Flor, se volta para a tataraneta. A menina com menos de um ano de idade, é animada ao som das lembranças do Vencedor Alagoano. Mas o presente, esse está garantido. “ Estou pronta, tudo está guardado na minha cabeça. É só me chamar que estou pronta para me apresentar. O guerreiro é a minha maior alegria “, anuncia a mestra.
Telma Elita, repórter
Fonte: Asfopal – Associação dos Folguedos Populares de Alagoas * www.cultura.al.gov.br
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