Proclamação_da_República_de_Benedito
Calixto 1893
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A proclamação do regime
republicano brasileiro aconteceu em decorrência da crise do poder imperial,
ascensão de novas correntes de pensamento político e interesse de determinados
grupos sociais. Aos fins do Segundo Reinado, o governo de Dom Pedro II
enfrentou esse quadro de tensões responsável pela queda da monarquia.
Mesmo buscando uma
posição política conciliadora, Dom Pedro II não conseguia intermediar os
interesses confiantes dos diferentes grupos sociais do país. A questão da
escravidão era um dos maiores campos dessa tensão político-ideológica. Os
intelectuais, militares e os órgãos de imprensa defendiam a abolição como uma
necessidade primordial dentro do processo de modernização sócio-econômica do
país.
Por um lado, os fazendeiros
da oligarquia nordestina e sulista faziam oposição ao fim da escravidão e, no
máximo, admitiam-na com a concessão de indenizações do governo. De outro, os
cafeicultores do Oeste Paulista apoiavam a implementação da mão-de-obra
assalariada no Brasil. Durante todo o Segundo Reinado essa questão se arrastou
e ficou presa ao decreto de leis de pouco efeito prático.
Os abolicionistas, que
associavam a escravidão ao atraso do país, acabavam por também colocar o regime
monárquico junto a essa mesma idéia. É nesse contexto que as idéias
republicanas ganham espaço. O Brasil, única nação americana monarquista, se
transformou num palco de uma grande campanha republicana apoiada por diferentes
setores da sociedade. A partir disso, observamos a perda das bases políticas
que apoiavam Dom Pedro II. Até mesmo os setores mais conservadores, com a
abrupta aprovação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, começaram a ver
a monarquia como um regime incapaz de atender os seus interesses.
A Igreja, setor de grande
influência ideológica, também passou a engrossar a fila daqueles que maldiziam
o poder imperial. Tudo isso devido à crise nas relações entre os clérigos e Dom
Pedro II. Naquela época, de acordo com a constituição do país, a Igreja era
subordinada ao Estado por meio do regime de padroado. Nesse regime, o imperador
tinha o poder de nomear padres bispos e cardeais.
Em 1864, o Vaticano
resolveu proibir a existência de párocos ligados à maçonaria. Valendo-se do
regime do padroado, Dom Pedro II, que era maçom, desacatou a ordem papal e
repudiou aqueles que seguiram as ordens do papa Pio IX. Mesmo anulando as
punições dirigidas aos bispos fiéis ao papa, D. Pedro II foi declarado
autoritário e infiel ao cristianismo.
Ao mesmo tempo, alguns
representantes do poder militar do Brasil começaram a ganhar certa relevância
política. Com a vitória na Guerra do Paraguai, o oficialato alcançou prestígio
e muitos jovens de classes médias e populares passaram a ingressar no Exército.
As instituições militares dessa época também foram influenciadas pelo
pensamento positivista, que defendia a “ordem” como caminho indispensável para
o “progresso”. Desta forma, os oficiais – que já se julgavam uma classe
desprestigiada pelo poder imperial – compreendiam que o rigor e a organização dos
militares poderiam ser úteis na resolução dos problemas do país.
Os militares passaram a
se opor ferrenhamente a Dom Pedro II, chegando a repudiar ordens imperiais e
realizar críticas ao governo nos meios de comunicação. Em 1873, foram criados o
Partido Republicano e o Partido Republicano Paulista. Aproximando-se dos
militares insatisfeitos, os republicanos organizaram o golpe de Estado contra a
monarquia.
Nos fins de 1889, sob fortes suspeitas
que Dom Pedro II iria retaliar os militares, o marechal Deodoro da Fonseca
mobilizou suas tropas, que promoveram um cerco aos ministros imperiais e
exigiram a deposição do rei. Em 15 de novembro daquele ano, o republicano José
do Patrocínio oficializou a proclamação da República.
Por Rainer Sousa, Mestre em História
Por Rainer Sousa, Mestre em História
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