quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Ex-Palmeiras, alagoano Cleiton Xavier confirma aposentadoria

Cleiton Xavier com a camisa do Vitória, clube pelo qual jogou em 2017. Foto: Raul Spinassé/A Tarde/Futura Press

Por Josué Seixas (@josue_seixas) e Rafael Brito (@rafaelbritom)
Para esse momento, as expressões estão prontas: pendurar chuteiras é clássico, despedir-se dos gramados é alegoria, mudança de vida é realidade. Expressões grandes para definir o fim de um capítulo que dura uma vida inteira. A vida dentro de campo fica para trás, a nova fase chega. Hoje, quem confirma o Oi a esse momento é Cleiton Xavier.
Aos 36 anos, o alagoano de São José da Tapera revelou que não vai seguir jogando futebol profissionalmente. Destaque de Palmeiras e Metalist, da Ucrânia, Cleiton jogou a última partida há mais de um ano, pelo CRB, quando sofreu uma desinserção no tendão da coxa esquerda. A decisão, entretanto, demorou um pouco. Sempre é difícil dizer adeus.
“Eu já pensava em terminar a carreira nessa idade. Voltei para o CRB porque queria me aposentar aqui em Alagoas. Infelizmente, tive a lesão que me impediu de terminar o campeonato e, quando me recuperei, decidi que já estava na hora de parar. O corpo estava pedindo. Parei no momento certo e em casa”, disse.
Cleiton sempre teve saudades de Alagoas e gostava de visitar a sua cidade, que fica no sertão. Imaginava-se jogando por aqui, mas não teve oportunidade. Entre risadas, ele contou que, em 2015, o Palmeiras enfrentou o ASA pela Copa do Brasil, mas o time de Arapiraca vendeu o mando de campo, e o jogo foi disputado no Estádio do Café.
De coincidências a vida de Cleiton Xavier está cheia. Começar a carreira no CSA e terminar no CRB foi só um atrativo. Para ele, foi uma oportunidade de aprender a torcer para os dois times. Hoje, o objetivo é que o Azulão fique na Série A e que o Galo suba.
“Hoje posso dizer que são os dois times que torço. Aprendi a gostar do CRB depois dessa minha passagem. Quero agradecer ao clube por ter me acolhido nessa minha volta. Eu sou alagoano, eu torço para os times de Alagoas, e vejo que o estado está crescendo cada vez mais nesse sentido”.
Cleiton Xavier durante treino do CRB, seu último clube profissional. Foto: Maxwell Oliveira/CRB

Alagoanos no topo

Inclusive, os conterrâneos de Cleiton despertam as atenções do ex-meia. CX não poupou elogios a Roberto Firmino, Willian José, Gilberto e Pedrinho.
“O Firmino está super bem e acho que hoje é um dos melhores atacantes do futebol mundial. O Willian José também está muito bem. O Giba [Gilberto, artilheiro do Bahia] é meu amigo particular, sempre nos falamos. É um cara que tá arrebentando, fazendo vários gols. Eu espero que todos continuem assim e que outros alagoanos também venham a se destacar, como o Pedrinho, do Corinthians. Tive a oportunidade de conhecer ele. É um cara sensacional, de uma história muito linda e bacana”.
Formar novos jogadores que se destacam é um dos objetivos de Cleiton Xavier nessa nova fase da carreira. Há pouco mais de um ano, ele fundou a escolinha CX 10, em São José da Tapera, e hoje tem mais de 60 inscritos. No começo, era difícil acompanhar os treinamentos dos meninos. Recebia vídeos e falava com os professores para ajudar, mesmo à distância.
“Estamos conseguindo dar oportunidade a alguns garotos. Até levamos alguns para fazer testes em São Paulo e outros estados e espero que continue assim, dando certo. É devagarzinho, mas a gente vai tentando. Tenho certeza que Deus vai nos abençoar no final. Tem muita gente boa, com boas intenções, principalmente os pais dos garotos. Conversamos com os pais deles, que têm visões positivas. Nós tentamos ajudar as crianças, fortalecendo a educação e apoiando muito que elas estudem, porque o futebol não é 100% certo.

Já sente falta do futebol, Cleiton?

Nas redes sociais, o ex-meia do Palmeiras ainda mostra quando vai bater uma bolinha com os amigos. No novo momento da carreira, o objetivo de Cleiton é passar mais tempo com a família e com os amigos, algo que o futebol às vezes dificultava. Dá saudade de entrar em campo e treinar, mas a preferência hoje em dia é cuidar de casa.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Dia Internacional dos Povos Índigenas chama atenção para o papel da mídia

Foto: Mário Vilela/Funai
Hoje, 9 de agosto, é o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, em dezembro de 1994, a data é comemorada anualmente, numa referência ao dia da primeira reunião do Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Populações Indígenas, realizada em Genebra, em 1982. O Grupo foi criado para desenvolver os padrões de direitos humanos que protegeriam os povos indígenas.

 Em 1985, esse mesmo Grupo deu início aos preparativos da minuta da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. O Brasil também participou do movimento. Lideranças indígenas brasileiras se envolveram nos debates, impondo suas necessidades, exigindo o respeito às suas culturas e da sua forma de ver o mundo, às distintas línguas e à preservação de seus costumes.

Este ano, as Nações Unidas (ONU) procuram chamar a atenção para os media indígenas - televisão, rádio, cinema e mídia social - e seu papel na garantia dos direitos, como na preservação das culturas dos povos indígenas, além de influenciar a agenda política. Em 2017, comemora-se também o 10º aniversário da Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas, aprovada em 2007 pela Assembléia Geral das Nações Unidas.

"O principal propósito da data é lembrar a importância da inclusão dos povos indígenas nos direitos humanos, sendo que muitas vezes são marginalizados ou excluídos. Outra finalidade é garantir a preservação da cultura tradicional de cada um dos povos indígenas, como fonte primordial de sua identidade. O Dia Internacional dos Povos Indígenas ainda presta homenagem a todas as contribuições culturais e sabedorias milenares que esses povos transmitem para as mais diversas civilizações no mundo", ressalta o presidente da Funai, Franklimberg de Freitas.

 Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas

A Declaração estabeleceu padrões mínimos universais para a sobrevivência, dignidade e bem-estar dos povos indígenas. O documento histórico é o instrumento internacional mais abrangente sobre os povos indígenas, direitos coletivos, incluindo direitos à autodeterminação, terras tradicionais, territórios e recursos, educação, cultura, saúde e desenvolvimento.

Entre os principais pontos da Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas, destaca-se, além do pleno direito de desfrutar de todos os direitos humanos e liberdades reconhecidas internacionalmente, o direito à autodeterminação, à autonomia ou ao autogoverno nas questões relacionadas a seus assuntos internos e locais e o direito a não sofrer assimilação forçada ou a destruição de sua cultura.

De acordo com o documento, os povos indígenas têm o direito de conservar e reforçar suas próprias instituições políticas, jurídicas, econômicas, sociais e culturais, mantendo ao mesmo tempo seu direito de participar plenamente, caso o desejem, da vida política, econômica, social e cultural do Estado.

Os Estados estabelecerão ainda mecanismos eficazes para a prevenção e a reparação de todo ato que tenha por objetivo ou consequência privar os indígenas de sua integridade como povos distintos, ou de seus valores culturais ou de sua identidade étnica e de todo ato que tenha por objetivo ou consequência subtrair-lhes suas terras, territórios ou recursos, entre outros.

 População

Há cerca de 370 milhões de indígenas em cerca de 90 países, representando aproximadamente 5% da população mundial. São mais de 5 mil grupos diferentes que falam cerca de 7mil línguas. No Brasil, segundo dados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, existem 896,9 mil indígenas com presença em todos os estados brasileiros. São 305 etnias, que falam 274 línguas.

Há também um grande número de povos isolados, não contabilizados pelo Censo. Nosso país tem a maior concentração de povos isolados conhecida no mundo. O Estado brasileiro, por meio da Funai, reconhece a existência de 103 registros, sendo 26 confirmados, todos na Amazônia Legal. Não há estimativa sobre número de indivíduos. Para monitorar esses territórios e defender os seus direitos de permanecer em isolamento voluntário, a Funai realiza levantamento de informações por meio de expedições em campo e de sobrevoos, com o objetivo de identificar a posição geográfica, as dinâmicas territoriais e demais vestígios que contribuam na proteção e na caracterização das áreas de ocupação desses povos.

Heloisa d'Arcanchy
ASCOM Funai / com informações da ONU