segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

SAUDADES DE MONSENHOR MURILO

Monsenhor Murilo de Sá Barreto
Por Renato Casimiro

Alguém, em algum lugar no passado, disse com rara felicidade uma dessas expressões que ainda nos toca bem, de perto: “o Vigário do Nordeste”. Muito provavelmente, ao observador atento, tratava-se de designar alguém que ao longo de várias décadas alçara a credibilidade, manifestara a dedicação amorosa e cumprira fielmente o zelo pastoral, características marcantes dos que abrem o coração para missionar em nome do Cristo. Penso que isso, na melhor parte, sintetiza a razão de ser de Francisco Murilo de Sá Barreto entre nós. O tratamento, aplicado a quem tantos benefícios deixou na memória de seu povo, é sinal de uma honra que se confere a privilegiados dentre a sua gente. Não um tratamento burocrático, mas uma menção afetuosa e permanente entre todos os que entenderam a sua missão vivificadora.
Nesse mês, lembramos Pe. Murilo na frieza do calendário que nos faz recordar do tempo de sua ausência. Depois daquele trauma horroroso, em quatro de dezembro de 2005, esses doze anos nos fortificaram na crença da imensa felicidade que foi conhecê-lo, de tê-lo junto de nós, para receber de sua mente, de seu coração e de seus braços, parte das energias que nos promoveram a uma comunidade melhorada, mais solidária e fiel a esse desígnio de acolhida e abrigo em romaria. Não é possível descrever sumariamente o longo, proveitoso e eficiente serviço para consolidar o ciclo de Romarias de Juazeiro do Norte, a despeito das imensas reservas que ele viveu, historicamente.
 Superou-as todas e nos legou a certeza maior de que a Igreja não tardaria a reconhecer a grandeza da religiosidade do povo romeiro. Nesse sentido, e ao tempo em que nos encontramos, para recordar tantos fatos relevantes recentemente acontecidos, sempre nos ocorre a sensação de que nos lembramos desse ausente-presente, nas saudades que cada um refere, pelo amigo que se foi. Essas saudades que naturalmente sentimos em sua ausência são sinais evidentes do quanto nos fazem falta a sua palavra esclarecida, o gesto concreto e preciso para superar tantos obstáculos, a vigilância esmerada que sempre parecia nos proteger, em tanto momentos, como vimos nascer e crescer na caminhada que empreendemos para construir essa civilização sertaneja.
 Pelo exemplar serviço à nossa Igreja, e à comunidade a que foi tão e exemplarmente servidor, Pe. Murilo de Sá Barreto é alvo acrescido às nossas invocações, a situá-lo dentre os nossos santos, os credores maiores de nossas reverências, orações e crenças. Sabe disso o povo nordestino que tantas vezes foi solidário ao seu chamamento, à devoção de Nossa Mãe das Dores e aos rogos do santo padrinho do Juazeiro, fortalecendo essa vocação de missionário. Cada um de nós vai lembrar, enquanto for possível, o papel importante que cumpriu, à frente da principal paróquia desse Juazeiro do Norte. Felizmente, entronizado em nossos corações, ele é parte dessa fortaleza que nos entusiasma e que nos acalma, é parte dessa esperança que nos anima, e é parte do futuro que nos aguarda.
(Informativo Romaria, Dez., 2017)


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