Monsenhor Murilo de Sá Barreto |
Alguém,
em algum lugar no passado, disse com rara felicidade uma dessas expressões que
ainda nos toca bem, de perto: “o Vigário do Nordeste”. Muito provavelmente, ao
observador atento, tratava-se de designar alguém que ao longo de várias décadas
alçara a credibilidade, manifestara a dedicação amorosa e cumprira fielmente o
zelo pastoral, características marcantes dos que abrem o coração para missionar
em nome do Cristo. Penso que isso, na melhor parte, sintetiza a razão de ser de
Francisco Murilo de Sá Barreto entre nós. O tratamento, aplicado a quem tantos
benefícios deixou na memória de seu povo, é sinal de uma honra que se confere a
privilegiados dentre a sua gente. Não um tratamento burocrático, mas uma menção
afetuosa e permanente entre todos os que entenderam a sua missão vivificadora.
Nesse mês, lembramos Pe. Murilo
na frieza do calendário que nos faz recordar do tempo de sua ausência. Depois
daquele trauma horroroso, em quatro de dezembro de 2005, esses doze anos nos
fortificaram na crença da imensa felicidade que foi conhecê-lo, de tê-lo junto
de nós, para receber de sua mente, de seu coração e de seus braços, parte das
energias que nos promoveram a uma comunidade melhorada, mais solidária e fiel a
esse desígnio de acolhida e abrigo em romaria. Não é possível descrever
sumariamente o longo, proveitoso e eficiente serviço para consolidar o ciclo de
Romarias de Juazeiro do Norte, a despeito das imensas reservas que ele viveu,
historicamente.
Superou-as todas e nos legou a certeza maior
de que a Igreja não tardaria a reconhecer a grandeza da religiosidade do povo
romeiro. Nesse sentido, e ao tempo em que nos encontramos, para recordar tantos
fatos relevantes recentemente acontecidos, sempre nos ocorre a sensação de que
nos lembramos desse ausente-presente, nas saudades que cada um refere, pelo
amigo que se foi. Essas saudades que naturalmente sentimos em sua ausência são
sinais evidentes do quanto nos fazem falta a sua palavra esclarecida, o gesto
concreto e preciso para superar tantos obstáculos, a vigilância esmerada que
sempre parecia nos proteger, em tanto momentos, como vimos nascer e crescer na
caminhada que empreendemos para construir essa civilização sertaneja.
Pelo exemplar serviço à nossa Igreja, e à comunidade
a que foi tão e exemplarmente servidor, Pe. Murilo de Sá Barreto é alvo
acrescido às nossas invocações, a situá-lo dentre os nossos santos, os credores
maiores de nossas reverências, orações e crenças. Sabe disso o povo nordestino
que tantas vezes foi solidário ao seu chamamento, à devoção de Nossa Mãe das
Dores e aos rogos do santo padrinho do Juazeiro, fortalecendo essa vocação de
missionário. Cada um de nós vai lembrar, enquanto for possível, o papel
importante que cumpriu, à frente da principal paróquia desse Juazeiro do Norte.
Felizmente, entronizado em nossos corações, ele é parte dessa fortaleza que nos
entusiasma e que nos acalma, é parte dessa esperança que nos anima, e é parte
do futuro que nos aguarda.
(Informativo Romaria, Dez., 2017)
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