terça-feira, 21 de novembro de 2017

OUTONO DE VERÃO

Outono... São as folhas secas... Com elas, o vento brinca...
Naquele pedaço de chão, todo o horizonte cortado de aridez, para os fortes que vingam, as horas passam pouco espaçadas, sem a sutileza da continuidade dos minutos, segundos que o tempo próprio esconde. Este, sentido, imaginado como grande senhor que ceifa vidas, amalgamado ao destino e à rudeza dos muitos homens feitos de sandálias de couro, cacimbas d’água, de suor seco e os olhos lânguidos, de esperança triste. O sol e a lua eram o dia.

 O menino sonhava com chuva, paisagem que se enche de verde, charcos enormes de piabas prateadas, anzol e linha a fisgar curimbatá ou o gigante tucunaré, doce de umbu, canto de bem-te-vi... Aprendeu nos livros velhos, uma nova palavra, incomum para o vocabulário de família.

 — Pai, o que é outono? — disse o menino.

 O homem olhou para o filho com certa ternura; curvou-se para que pudesse falar diretamente em seus olhos.

 — Outono... São as folhas secas... Com elas, o vento brinca...

 O menino sorriu. Abraçou o pai e saiu a brincar na terra argilosa, de pó fino, sob sol castigante, a rabiscar os nomes que aprendera. E era o sol a dourar a pele daquela gente, com foices, enxadas, lâminas afiadas a sangrar fendas d’água onde havia mais e mais escassez. Era o tempo estático a desenhar vidas, golpeadas de sofrimento no céu limpo.

O pai  comoveu-se daquela inocência, despojou-se da lida, e saiu também a brincar. Pôs o menino nos ombros. Os dois riam. Era um instante raro para esquecer a dor e vencer o dia. Para o homem que acalentava a criança, a primavera era efêmera: flor de cactos mandacaru. O inverno era a chuva. Ela trazia o frio. Aquele rincão era feito de verão pleno. Estação única. O outono tinha apenas cheiro de fruta: cupuaçu, sapoti, graviola, bacuri, violeta juçara, buriti, oiti, ingá, carambola doce em estrela, manga-rosa, banana-maçã, murici, ciriguela, carne de pitomba, caju... Sabor dos sertões. O outono era a fartura que trazia a chuva, as águas de março ou qualquer mês, a invadirem o tempo seco.

O menino abria os braços abarcando o seu mundo, distante das histórias contadas nos livros antigos que o pai lhe dava. De olhos fechados, ele imaginava castelos, aventuras... Ele, pequeno príncipe de um grande deserto, conhecedor de saberes seus, da sua gente. Na proteção do pai, era feliz. Esse, volta à lida: colher água do poço, dar comida ao gado magro, lavrar a terra estéril, pingada do sal das lágrimas... A criança desenha seus sonhos na terra. E um sonho maior ganha contorno, nos traços infantis do que seria uma figura feminina. Eram apenas os dois... É o tempo em que no espaço, as nuvens se acinzentam, clarões anunciam mudança. O vento se encorpa e em rodopio levanta folhas amarelas, roídas pelas saúvas. O menino se encanta... Enfim, conhecia o outono.


Fonte: www.static.recantodasletras.com.br

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Nos 128 anos da República, Marechal Deodoro volta a ser capital de Alagoas

Marechal Deodoro foi fundada em 1611 com o nome de povoado de Vila Madalena de Subaúma.
Segundo Renan Filho, transmissão da sede do Governo resgata memória de um dos alagoanos mais importantes da história do Brasil
Texto de Petrônio Viana
A primeira capital do Alagoas, Marechal Deodoro, voltou a ser sede do Governo do Estado por mais um dia. A transferência da capital para a cidade histórica foi oficializada nesta quarta-feira (15) pelo governador Renan Filho, em comemoração aos 128 anos da Proclamação da República. A cerimônia foi realizada no Palácio Provincial de Marechal Deodoro, com as presenças do prefeito Cláudio Roberto Ayres da Costa, o Cacau, secretários de Estado, prefeitos de vários municípios, vereadores e autoridades de diversos segmentos.

Para o governador Renan Filho, a transmissão da capital representa o resgate de uma das personalidades mais importantes da história de Alagoas e do país, o proclamador da República e primeiro presidente do Brasil, Manoel Deodoro da Fonseca.
“Marechal Deodoro é uma cidade muito importante para a história da República, uma vez que aqui nasceu seu proclamador. Hoje, de Marechal, mandamos uma mensagem para todo o Estado de Alagoas e para todo o Brasil. Uma mensagem da necessidade do avanço democrático do país, da consolidação diária da República, da superação da crise econômica com a retomada da economia brasileira, da necessidade de soluções para essas dificuldades em que vivem os brasileiros. Ressaltamos ainda, nesta data, os valores da igualdade, da democracia e dos direitos humanos, que devem estar sempre presentes em nossas ações”, afirmou o governador.

Marechal Deodoro foi fundada em 1611 com o nome de povoado de Vila Madalena de Subaúma. Foi a primeira capital da província de Alagoas, entre 1817 e 1839, quando a sede administrativa da província passou a ser Maceió. Em 1939, a cidade recebeu o nome atual, em homenagem a seu filho mais ilustre.

 O prefeito de Marechal Deodoro, Cláudio Ayres, reverenciou a história de bravura de Manoel Deodoro da Fonseca e a importância, para o povo deodorense, das comemorações do 15 de Novembro.“No dia de hoje, comemoramos também os 190 anos de Manoel Deodoro da Fonseca e massacrares recebe o Governo de Alagoas para honrar sua memória. Celebrar a história de Deodoro da Fonseca é celebrar a força do nosso povo”, disse o prefeito.

Em Marechal, o governador Renan Filho e o prefeito Cláudio Ayres participaram do hasteamento das bandeiras do Brasil e de Alagoas e oficializaram a transferência da sede do Governo para o município. Renan Filho lembrou ainda das obras e investimentos do Estado na cidade, algumas delas inauguradas nesta quarta-feira.

“Eu destaco duas ações do entregues hoje aqui em Marechal. A primeira, um investimento do Estado por meio do programa Pró-Estrada, que reconstruiu todo o acesso ao município, uma cidade importantíssima pelo seu componente histórico, cultural gastronômico, pelas suas belezas naturais, muito forte pela sua capacidade de atrair turistas. De modo que o Pró-Estrada chegou aqui para potencializar essa característica”, explicou Renan Filho.

“Vamos lançar também, ao lado do prefeito, uma obra de abastecimento, executada com recursos federais viabilizados pela Funasa por intermédio do senador Renan Calheiros, que será a maior obra hídrica executada por um município no Estado de Alagoas. Dessa forma, Marechal Deodoro se prepara cada vez mais para oferecer melhoria na qualidade de vida de seu povo”, afirmou o governador.


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Memorial Frei Damião

Memorial de Frei Damião - Guarbira, Paraiba
Santuário Memorial Frei Damião, situado na cidade de Guarabira (Paraíba), é um projeto arquitetônico composto de um museu e uma estátua, em homenagem ao frade capuchinho Frei Damiãode Bozzano, um missionário do Nordeste brasileiro. Atualmente é considerada a terceira maior estátua do Brasil.
A inauguração, em dezembro de 2004, contou com a presença de mais de 50 mil fiéis.[2] Foram realizadas parcerias entre a Diocese de Guarabira, a prefeitura de Guarabira e o governo do estado da Paraíba em sua edificação.
O santuário foi projetado pelo Arquiteto Alexandre Azedo e o Memorial Frei Damião, de autoria do Arquiteto paraibano Gilberto Guedes. A construção da obra foi iniciada em 27 de março de 2000. O Santuário foi arquitetado pela Diocese de Guarabira e também foram muito importantes para a sua construção, a então prefeita de Guarabira (2000) Léa Toscano, e seu marido o deputado estadual Zenóbio Toscano.
O local foi transformado em santuário através de um decreto emitido pelo então administrador apostólico Dom Jaime Vieira Rocha em 2007, tendo como primeiro reitor o padre Gaspar Rafael Nunes.
Em 29 de abril de 2013Dom Lucena, bispo de Guarabira entregou o Santuário de Frei Damião aos cuidados da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, da qual o Servo de Deus Frei Damião fazia parte. Nomeando reitor o Frei José Walden de Oliveira, OFMcap. Atualmente, administra o local o padre José Renato da Ferreira de Oliveira, está sendo o quinto reitor do Memorial.

Situação geográfica

O santuário fica situado em Guarabira, no Piemonte da Borborema, a 98 quilômetros da capital, João Pessoa, no estado da Paraíba, na Serra da Jurema (Nome denominado ao pico onde se encontra o Memorial).

Atrações turísticas

A principal atração do Santuário é a estátua do Frei Damião que tem cerca de 34 metros de altura e pode ser vista de qualquer ponto da cidade. Do alto da Serra da Jurema, é possível ver toda a cidade, e algumas cidades próximas situadas num raio de 50 quilômetros.
O monumento possui ainda um museu,que foi montado com a consultoria da Fundação Joaquim Nabuco, casa de ex-votos, praça de celebração, capela e Via Sacra.
O museu do Santuário de Frei Damião além de objetos pessoais, fotografias e artigos religiosos dispõe ainda de várias estátuas em tamanho natural, as quais reproduzem aspectos da vida do Santo das Missões. Por decreto da lavra do Administrador Apostólico da Diocese de Guarabira, Dom Jaime Vieira Rocha, o Memorial de Frei Damião, no final de 2007, foi elevado à categoria de Santuário Diocesano. Com a medida lá podem ser realizados casamentos e batizados.
Acesso
Os dois acessos ao Santuário são pavimentados e iluminados. Do alto, pode-se ver toda a cidade de Guarabira. Ao longo do percurso, é possível ver todas as estações da Via Crucis, fruto do trabalho de artesões locais, além do Cruzeiro, que foi erguido bem antes do Memorial, na década de 60.
Posição.
Com aproximadamente 34 metros de altura o memorial atrai turistas de vários locais e é a terceira maior estátua do Brasil, superada apenas pelo Cristo Redentor e pelo Alto de Santa Rita de Cássia no Rio Grande do Norte. Se vivo fosse Frei Damião, estaria hoje com 119 anos. O Nordeste, a região que ele escolheu para viver e evangelizar o seu povo, nunca o esquecerá