terça-feira, 15 de agosto de 2017

Ranilson França, 11 anos de saudade


(Pilar AL 10/6/1953 - Maceió AL 14/8/2006 ) Folclorista, professor. Professor do CESMAC. Presidiu a Comissão Alagoano de Folclore, bem como, a Associação dos Folguedos Populares de Alagoas. Sócio do IHGA, empossado em 25/10/2000, na cadeira 46, da qual é patrono João Craveiro Costa. Publicou: Folguedos e Danças das Alagoas, in Arte Popular de Alagoas, de Tânia Pedrosa.

 Por Josefina Novaes

Conheci Ranilson quando em 1986 fui trabalhar na Secretaria Estadual de Cultura. Logo depois assisti a uma reunião da recém criada Associação dos Folguedos Populares de Alagoas (Asfopal) e de imediato fiquei encantada não só com seu objetivo, o da preservação dos nossos folguedos e danças mas, com os mestres associados e sobretudo com o respeito e dedicação como eram tratados. Por falta da secretária da Associação fui convidada a redigir a ata daquela que seria a primeira das muitas reuniões, que (sem saber naquele momento) eu iria assistir. Tornei-me sócia efetiva e afetiva da Asfopal, e já se vão 20 anos.
Como foi gratificante entrar no universo das nossas tradições populares, conhecer e conviver com os autênticos representantes de nosso folclore que através de suas danças e canções, como ninguém, revelam a riqueza da alma deste povo, produto da mistura de raças, costumes e tradições, fonte de arte e sabedoria.


Comandando, sempre, lá estava o Professor Ranilson, como era chamado, incansável na sua luta pela conservação do nosso autêntico folclore. Fazia-se respeitar e ser querido não só pelo seu vasto conhecimento e sim pela maneira como se dirigia a eles, como mestres em sua arte, como seres humanos que merecem atenção e carinho.


Calmo para tomar decisões, primeiro dizia “vou estudar” e sempre dava certo. Honesto, estudioso, e dono de uma memória privilegiada sabia quando, como e com quem podia falar. Humilde, percorreu o caminho da sabedoria. Teimoso, lutava até o fim para conseguir o que queria. Agradou a muitos, desagradou a poucos. Algumas vezes foi criticado, na sua luta pela preservação do autêntico, de “querer engessar os grupos”, quando na verdade ele estava pedindo respeito as nossas raízes. Não gostava de fazer pedidos nem favores para ele e os de sua família, só para o folclore, timidamente.
Nas apresentações dos grupos, estava sempre com satisfação chamando em cena os pastoris, os guerreiros, as baianas, as cheganças etc. Ironicamente, no mês de agosto, mês do folclore, Ranilson fez seu atuar derradeiro, descerrou a cortina, saiu de cena... Deixou boas lembranças, muita saudade.


Para nós, seus amigos, fica a saudade de sua companhia nas muitas andanças pelo interior do Estado, mapeando nosso folclore, geralmente nos fins de semana (o que faremos neles?) ou aos domingos, para um passeio regado de uma “cervejinha” (como passaremos sem eles?).


Com certeza sua chegada foi uma festa comandada pelos seus amigos que se foram antes; mestra Joana Gajuru, mestre Paulo Olegário, mestre Jorge, mestre Pedro Leal, mestra Virgínia Morais, mestra Celsa e Júlia, mestra Maria do Carmo, Professor Pedro Teixeira, Dr. Théo Brandão, entre outros. Quanta gente boa! Já dá para criar uma Associação. Que tal a AsfoCéu? Produtivo, com certeza já está cuidando de novos projetos.


Obrigada amigo, irmão, companheiro, pela sua amizade sincera, por saber ouvir, pelos conselhos, pelos bons momentos de respeito e cidadania, de festa e cultura.

Josefina Novaes - Ex-Presidenta da Asfopal – Associação dos Folguedos Populares de Alagoas


Fonte: www.asfopal.blogspot.com.br

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