Lúcia
Gaspar
Bibliotecária da Fundação Joaquim
Nabuco
Theotônio Vilela Brandão, conhecido
como Théo Brandão, nasceu no dia 26 de janeiro de 1907, na cidade de Viçosa,
Alagoas, filho do médico e farmacêutico Manoel de Barros Loureiro Brandão e
sua prima Carolina Vilela Brandão.
Em Viçosa, foi aluno dos professores
João Manuel Simplício, Ovídio Edgar de Albuquerque e estudou nos colégios de
D. Maria Amélia Coutrim.
Aos dez anos de idade a família
mudou-se para a cidade de Maceió, onde ele continuou seu curso primário no
Colégio São José e depois no Colégio Diocesano, dos irmãos Maristas, no qual
terminou o chamado curso preparatório (2º grau).
Em dezembro de 1923, viajou para Salvador
a fim de se preparar para fazer o vestibular de medicina, ingressando na
Faculdade de Medicina da Bahia, onde estudou por quatro anos, formando-se, no
entanto, no Rio de Janeiro, em 1929. Bacharelou-se também em farmácia, em
1928, que era o curso da sua preferência, segundo depoimento pessoal.
Em 1928, começou a colaborar com
jornaizinhos publicados em Viçosa, enviando do Rio de Janeiro, poemas,
crônicas sobre a cidade e o folclore viçosense.
Em 1930, transferiu-se para o Recife,
abrindo consultório e trabalhando como pediatra no Hospital Manoel S. Almeida
e na Inspetoria de Higiene Infantil e Pré-Escolar do Departamento de Saúde
Pública de Pernambuco. Nessa época, conheceu diversos intelectuais no Recife,
entre os quais Nilo Pereira,
Manuel Lubambo, Willy Levin e o poeta Austro Costa.
Voltou a Maceió e instalou sua
clínica de Pediatria e Obstetrícia. Conviveu com a chamada Geração
Intelectual de Alagoas, grupo formado por Diégues Júnior, Graciliano Ramos,
Raul Lima, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e
seu marido José Auto, Aurélio Buarque de Holanda, entre outros.
Em 1931, publicou Folclore e educação infantil, artigo que é um marco entre as duas atividades,
a de médico e a de folclorista. Começou então a desenvolver, cada
vez mais, trabalhos como folclorista.
A partir de 1937, quando foi indicado
para o Instituto Histórico de Alagoas, passou a se dedicar mais ao folclore
e, como era médico, tendeu mais para estudar o tema da medicina popular. Théo
Brandão fazia suas pesquisas e colhia materiais e dados sobre crendices
populares, superstições,
rezas e remédios populares com
as mães que iam se consultar com ele no ambulatório de Puericultura e
Pediatria onde trabalhava. Também o ajudaram nas suas pesquisas os
remédios caseiros de sua mãe e um primo, Sinfrônio Vilela, que chegou a
exercer o ofício de curandeiro.
Publicou diversos trabalhos
sobre o folclore alagoano: Folclore de Alagoas(1949), Trovas populares de Alagoas (1951), O reisado alagoano (1953),Folguedos natalinos de Alagoas (1961), O guerreiro (1964), O pastoril (1964), além de diversos ensaios e
artigos publicados em revistas especializadas e jornais.
Recebeu pelo livro Folclore de Alagoas um prêmio da Academia Alagoana de
Letras e o Prêmio João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras. Com oReisado alagoano ganhou o Prêmio Mário de Andrade.
Em 1960, abandonou a profissão
de médico para dedicar-se integralmente ao folclore. Assumiu a cadeira de
Antropologia da Universidade Federal de Alagoas.
Membro fundador e efetivo,
desde 1948, da Comissão Nacional do Folclore, passou a integrar, em 1961, o
Conselho Nacional do Folclore, por ato do Presidente da República.
Participou de diversos
congressos na área de folclore e, em 1963, tentou criar um museu de
antropologia e folclore em Alagoas, mas seu sonho não se concretizou.
Théo Brandão, por sua
condição de folclorista e professor de antropologia e etnografia, foi sempre
bem recebido pelos antropólogos e participou de sociedades de antropologia no
Brasil, Portugal e Espanha.
No dia 20 de agosto de 1975, para
abrigar a sua coleção de arte popular doada à Universidade Federal de Alagoas
- UFAL, foi criado o Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore, em
Maceió.
Em 1981, sentindo-se mal,
com dores e indisposições no estômago e baixas de pressão arterial, Théo
Brandão viajou ao Rio de Janeiro para se aconselhar com amigos médicos. Foi
operado, mas o problema não foi resolvido. Sua família resolveu então levá-lo
de volta para Maceió.
Morreu no dia 29 de setembro de
1981, sendo velado no Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore.
FONTES
CONSULTADAS:
ROCHA, José Maria Tenório. Théo Brandão, mestre do folclore
brasileiro. Maceió: Edufal, 1988.
SOUTO MAIOR, Mário. Dicionário de folcloristas
brasileiros. Recife: 20-20 Comunicação e
Editora, 1999. p.174.
Fonte: www.basilio.fundaj.gov.br
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