segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz 2019 – primeiro de janeiro

Papa Francisco
“Se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade”, afirma o Papa em uma das passagens de sua mensagem intitulada “A boa política está ao serviço da paz”.
Cidade do Vaticano
“A boa política está ao serviço da paz” é o tema da mensagem do Santo Padre para o 52° Dia Mundial da Paz a ser celebrado em 1° de janeiro de 2019. Eis o texto na íntegra:
A boa política está ao serviço da paz
1. «A paz esteja nesta casa!»
Jesus, ao enviar em missão os seus discípulos, disse-lhes: «Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10, 5-6).
Oferecer a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da história humana, esperam na paz.[1] A «casa», de que fala Jesus, é cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua singularidade e história; antes de mais nada, é cada pessoa, sem distinção nem discriminação alguma. E é também a nossa «casa comum»: o planeta onde Deus nos colocou a morar e do qual somos chamados a cuidar com solicitude.
Eis, pois, os meus votos no início do novo ano: «A paz esteja nesta casa!»
2. O desafio da boa política
A paz parece-se com a esperança de que fala o poeta Carlos Péguy;[2] é como uma flor frágil, que procura desabrochar por entre as pedras da violência. Como sabemos, a busca do poder a todo o custo leva a abusos e injustiças. A política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas, quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana, pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição.
«Se alguém quiser ser o primeiro – diz Jesus – há de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Como assinalava o Papa São Paulo VI, «tomar a sério a política, nos seus diversos níveis – local, regional, nacional e mundial – é afirmar o dever do homem, de todos os homens, de reconhecerem a realidade concreta e o valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade».[3]
Com efeito, a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e justo. Se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade.
3. Caridade e virtudes humanas para uma política ao serviço dos direitos humanos e da paz
O Papa Bento XVI recordava que «todo o cristão é chamado a esta caridade, conforme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidência na pólis. (…) Quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho simplesmente secular e político. (…) A ação do homem sobre a terra, quando é inspirada e sustentada pela caridade, contribui para a edificação daquela cidade universal de Deus que é a meta para onde caminha a história da família humana».[4] Trata-se de um programa no qual se podem reconhecer todos os políticos, de qualquer afiliação cultural ou religiosa, que desejam trabalhar juntos para o bem da família humana, praticando as virtudes humanas que subjazem a uma boa ação política: a justiça, a equidade, o respeito mútuo, a sinceridade, a honestidade, a fidelidade.
A propósito, vale a pena recordar as «bem-aventuranças do político», propostas por uma testemunha fiel do Evangelho, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, falecido em 2002:
Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.
Bem-aventurado o político que realiza a unidade.
Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
Bem-aventurado o político que sabe escutar.
Bem-aventurado o político que não tem medo.[5]
Cada renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito. Duma coisa temos a certeza: a boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras.
4. Os vícios da política
A par das virtudes, não faltam infelizmente os vícios, mesmo na política, devidos quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio ambiente e nas instituições. Para todos, está claro que os vícios da vida política tiram credibilidade aos sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem como à autoridade, às decisões e à ação das pessoas que se lhe dedicam. Estes vícios, que enfraquecem o ideal duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social: a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas –, a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da «razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo, a recusa a cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato, o desprezo daqueles que foram forçados ao exílio.
5. A boa política promove a participação dos jovens e a confiança no outro
Quando o exercício do poder político visa apenas salvaguardar os interesses de certos indivíduos privilegiados, o futuro fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da sociedade, sem possibilidades de participar num projeto para o futuro. Pelo contrário, quando a política se traduz, concretamente, no encorajamento dos talentos juvenis e das vocações que requerem a sua realização, a paz propaga-se nas consciências e nos rostos. Torna-se uma confiança dinâmica, que significa «fio-me de ti e creio contigo» na possibilidade de trabalharmos juntos pelo bem comum. Por isso, a política é a favor da paz, se se expressa no reconhecimento dos carismas e capacidades de cada pessoa. «Que há de mais belo que uma mão estendida? Esta foi querida por Deus para dar e receber. Deus não a quis para matar (cf. Gn 4, 1-16) ou fazer sofrer, mas para cuidar e ajudar a viver. Juntamente com o coração e a inteligência, pode, também a mão, tornar-se um instrumento de diálogo».[6]
Cada um pode contribuir com a própria pedra para a construção da casa comum. A vida política autêntica, que se funda no direito e num diálogo leal entre os sujeitos, renova-se com a convicção de que cada mulher, cada homem e cada geração encerram em si uma promessa que pode irradiar novas energias relacionais, intelectuais, culturais e espirituais. Uma tal confiança nunca é fácil de viver, porque as relações humanas são complexas. Nestes tempos, em particular, vivemos num clima de desconfiança que está enraizada no medo do outro ou do forasteiro, na ansiedade pela perda das próprias vantagens, e manifesta-se também, infelizmente, a nível político mediante atitudes de fechamento ou nacionalismos que colocam em questão aquela fraternidade de que o nosso mundo globalizado tanto precisa. Hoje, mais do que nunca, as nossas sociedades necessitam de «artesãos da paz» que possam ser autênticos mensageiros e testemunhas de Deus Pai, que quer o bem e a felicidade da família humana.
6. Não à guerra nem à estratégia do medo
Cem anos depois do fim da I Guerra Mundial, ao recordarmos os jovens mortos durante aqueles combates e as populações civis dilaceradas, experimentamos – hoje, ainda mais que ontem – a terrível lição das guerras fratricidas, isto é, que a paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade. Por esta razão, reiteramos que a escalada em termos de intimidação, bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à busca duma verdadeira concórdia. O terror exercido sobre as pessoas mais vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança. Ao contrário, deve-se reafirmar que a paz se baseia no respeito por toda a pessoa, independentemente da sua história, no respeito pelo direito e o bem comum, pela crihistória, no respeito pelo direito e o bem comum, pela criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida pelas gerações passadas.
O nosso pensamento detém-se, ainda e de modo particular, nas crianças que vivem nas zonas atuais de conflito e em todos aqueles que se esforçam por que a sua vida e os seus direitos sejam protegidos. No mundo, uma em cada seis crianças sofre com a violência da guerra ou pelas suas consequências, quando não é requisitada para se tornar, ela própria, soldado ou refém dos grupos armados. O testemunho daqueles que trabalham para defender a dignidade e o respeito das crianças é extremamente precioso para o futuro da humanidade.
1. Um grande projeto de paz
Celebra-se, nestes dias, o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada após a II Guerra Mundial. A este respeito, recordemos a observação do Papa São João XXIII: «Quando numa pessoa surge a consciência dos próprios direitos, nela nascerá forçosamente a consciência do dever: no titular de direitos, o dever de reclamar esses direitos, como expressão da sua dignidade; nos demais, o dever de reconhecer e respeitar tais direitos».[7]
Com efeito, a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e comunitária:
– a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e – como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando «um pouco de doçura para consigo mesmo», a fim de oferecer «um pouco de doçura aos outros»;
– a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado…, tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo;
– a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro.
A política da paz, que conhece bem as fragilidades humanas e delas se ocupa, pode sempre inspirar-se ao espírito do Magnificat que Maria, Mãe de Cristo Salvador e Rainha da Paz, canta em nome de todos os homens: A «misericórdia [do Todo-Poderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes (…), lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc 1, 50-55).
Vaticano, 8 de dezembro de 2018.
Papa Francisco
Fonte: www.arquidiocesebh.org.br

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Papa na Missa do Galo: Jesus, alimento de amor e simplicidade

Celebração Eucarística (Vatican Media)

Na homilia da Santa Missa de Natal, celebrada pelo Papa Francisco na noite desta segunda-feira (24), o convite do Pontífice a, diante da manjedoura e de Deus que se faz pequeno em Belém, compreendermos que não é a avidez e a ganância que alimentam a vida, mas o amor, a caridade e a simplicidade.

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

A tradicional Missa do Galo foi celebrada pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro na noite desta segunda-feira (24). A cerimônia, um dos momentos litúrgicos mais aguardados do ano, foi retransmitida ao vivo para o mundo todo em 8 idiomas, como em português para o Brasil, com imagens em altíssima definição (standard 4K) e em elevado padrão tecnológico.

A Santa Missa foi precedida pela “Kalenda”, tradicional canto grego do anúncio litúrgico do Natal do Senhor. Francisco revelou a imagem do Menino Jesus, quando então os sinos da Basílica tocaram e as luzes foram acesas.

O caminho até Belém, “a casa do pão”

Na homilia, para descobrir juntos o mistério do Natal, o Papa Francisco convidou a percorrer, com Maria e José, o caminho até Belém, cujo nome significa “casa do pão”. Nessa “casa”, diz o Pontífice, “o Senhor marca encontro com a humanidade” para oferecer o alimento que dá vida, porque aqueles do mundo “não saciam o coração”.

O homem tornou-se ávido e voraz. Para muitos, o sentido da vida parece ser possuir, estar cheio de coisas. Uma ganância insaciável atravessa a história humana, chegando ao paradoxo de hoje em que alguns se banqueteiam lautamente enquanto muitos não têm pão para viver. Belém é o ponto de viragem no curso da história. Lá Deus, na casa do pão, nasce numa manjedoura; como se quisesse nos dizer: Estou aqui ao vosso dispor, como vosso alimento.

Deus, então, oferece de comer, diz o Papa, “não dá uma coisa, mas Se dá a Si mesmo. Em Belém, descobrimos que Deus não é alguém que agarra a vida, mas Aquele que dá a vida”.

Com Jesus, nasce um modelo de vida

O Santo Padre apresenta, assim, “um novo modelo de vida” através da imagem do corpo pequeno do Menino Jesus e para renascer no amor e romper a espiral da avidez e da ganância: “não devorar e acumular, mas partilhar e dar”.
“ Diante da manjedoura, compreendemos que não são os bens que alimentam a vida, mas o amor; não a voracidade, mas a caridade; não a abundância ostentada, mas a simplicidade que devemos preservar. ”

No Natal, acrescenta o Papa, recebemos Jesus, “Pão do céu na terra”, um alimento sem data de validade e que ajuda a mudar o nosso coração, já que o centro da vida não é mais o “eu, faminto e egoísta”, mas Jesus, que nasce e vive por amor.
Nesta noite, chamados a ir até Belém, casa do pão, nos interroguemos: Qual é o alimento de que não posso prescindir na minha vida? É o Senhor ou outra coisa qualquer? [...] Será verdade que preciso de tantas coisas, de receitas complicadas para viver? Quais são os contornos supérfluos de que consigo prescindir para abraçar uma vida mais simples? [...]  No Natal, reparto o meu pão com aqueles que estão sem ele?

O exemplo dos pastores de Belém

Depois de Belém, a casa do pão, o Papa Francisco convida a refletir sobre Belém, cidade de David, um pastor e, como tal, escolhido por Deus para guiar o seu povo. Assim como o Filho de David, nasceu e foi acolhido pelos pastores, uma figura que vence medos e ama todos, sem exceção, disse o Papa.

Os próprios pastores de Belém são pessoas simples que “não primavam por garbo, nem devoção”, além de permanecerem sempre vigilantes:

“ O mesmo vale para nós. A nossa vida pode ser uma expetação, em que a pessoa, mesmo nas noites dos problemas, se confia ao Senhor e O deseja; então receberá a sua luz. Ou então uma pretensão, na qual contam apenas as próprias forças e meios; mas, neste caso, o coração permanece fechado à luz de Deus. O Senhor gosta de ser aguardado e não é possível aguardá-Lo no sofá, dormindo. ”

Os pastores têm essa característica de não ficarem parados, diz o Papa, mas de ir e arriscar por Deus, “contar a beleza são gestos de amor”.

«Vamos a Belém…» (Lc 2, 15): assim disseram e fizeram os pastores. Também nós, Senhor, queremos vir a Belém. O caminho, ainda hoje, é difícil: é preciso superar os cumes do egoísmo, evitar escorregar nos precipícios da mundanidade e do consumismo. Quero chegar a Belém, Senhor, porque é lá que me esperas. E me dar conta de que Tu, colocado numa manjedoura, és o pão da minha vida. Preciso da terna fragrância do teu amor, a fim de me tornar, por minha vez, pão repartido para o mundo. Toma-me sobre os teus ombros, bom Pastor: amado por Ti, conseguirei também eu, amar, tomando pela mão os irmãos.

No final da celebração, o Santo Padre levou a imagem do Menino Jesus em procissão até o presépio.

Fonte: www.vaticannews.va

domingo, 23 de dezembro de 2018

Os Três Reis Magos


Os três reis magos. Foto: Maciej Sojka / Shutterstock.com

A tradição dos Três Reis Magos remonta ao nascimento de Jesus. As referências a este episódio nos Evangelhos é muito vaga, não se sabe quantos seriam estes personagens que visitaram a Criança assim que Ela nasceu, evento que consta no Evangelho de Mateus. Não se sabe com certeza nem mesmo se eram reis, há pesquisadores que acreditam ser eles sacerdotes seguidores de Zaratustra, da Pérsia, ou seus conselheiros. Supõe-se que eram três pelo número de presentes oferecidos ao Mestre. Seus nomes seriam Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, rei da Índia, e Baltazar, rei da Arábia, os Santos Reis, porque são considerados bem-aventurados. Eles ganharam estas denominações cerca de oitocentos anos após o nascimento do Messias.

Há também a probabilidade de que eles eram astrônomos, pois se conta que eles observaram uma estrela incomum e a seguiram até a região na qual se encontrava Jesus. Sabendo que havia nascido um rei, foram imediatamente ao palácio de Herodes, em Jerusalém, mas o cruel personagem nada sabia, porém ficou assustado com essa possibilidade, pois já ouvira algumas profecias a esse respeito. Ele então teria pedido aos magos que o comunicassem se encontrassem este menino, pois desejava também lhe fazer uma visita. Sua intenção, porém, era de matá-lo.

Os reis fizeram uma longa viagem até a manjedoura, lá chegando apenas no dia seis de janeiro, daí o Dia de Reis ser comemorado nesta data. Narra a tradição que eles seguiram a estrela que lhes indicava a localização exata de Jesus, e também que eles teriam oferecido ao Menino ouro, incenso e mirra, o primeiro simbolizando a realeza de Jesus; o segundo, a sua Natureza Divina, a fé, já que o incenso era muito usado nos templos para representar as preces que seguem do Homem para Deus; e o terceiro, a imortalidade e a alusão à sua futura morte no martírio, pois a mirra era muito utilizada para a preparação dos cadáveres, com o propósito de conservá-los infinitamente. Ela foi usada também no corpo de Jesus após a Crucificação. Destes magos e de seus gestos herdamos a tradição de dar presentes uns aos outros no Natal.

Eles também representavam a humildade dos poderosos que se curvariam diante da Realeza Maior de Jesus, cumprindo as profecias que prediziam a humilhação dos grandes dominadores terrenos e a glorificação dos humildes. É nesse sentido que a Igreja preserva o culto aos Reis Magos, que receberam esse título apenas no século III, cumprindo assim a profecia de que os reis se prostrariam diante Dele. Para o catolicismo, eles representam a obediência aos desígnios divinos, o desprendimento dos patrimônios materiais, o compartilhamento destes bens com os necessitados.

Não há provas históricas da existência desses Reis e no próprio Evangelho são citados apenas por Mateus. Talvez eles sejam apenas um símbolo, uma metáfora da legitimação de Jesus por todos os povos da Terra. O que importa, porém, é que a tradição permanece viva, inclusive através da popular Folia de Reis – festa de origem portuguesa que relembra anualmente a visita dos Reis Magos a Jesus. Em alguns países essa comemoração tornou-se mais importante que o próprio Natal. No Brasil, grupos de pessoas vestidas a caráter visitam algumas casas tocando músicas que glorificam o nascimento do Menino Jesus e a visitação dos Santos Reis. As festas, que se iniciam próximo ao Natal, são encerradas no dia seis de janeiro, quando se comemora o Dia de Reis.

Fonte: www.infoescola.com


sábado, 15 de dezembro de 2018

QUE FIM LEVARAM AS DEZ TRIBOS PERDIDAS ?

Os israelitas.        Foto:Wikimedia Commons 
Os 12 maiores enigmas da Bíblia: Qual foi o destino dos israelitas dominados pelos assírios?
Em 722 a.C., o Reino de Israel foi conquistado pelo Império Neo-Assírio. O outro reino israelita, Judá, ao sul, tornaria-se um vassalo e sobreviveria.
Segundo a Bíblia, os israelitas descendiam de um só progenitor: Jacó, filho de Isaque, neto de Abraão, que teve 12 filhos. Cada qual dando origem a uma tribo. Ao enfrentar um anjo numa luta (Gênesis 35:10), foi rebatizado como Israel – "o que luta com Deus".
Dez das 12 tribos foram exiladas pelos conquistadores, sobrando apenas as de Benjamin e Judá, no reino do sul – daí esses sobreviventes se tornarem conhecidos por "judeus".
Que fim levaram os outros israelitas? Não faltam candidatos: na Índia, há os judeus de Bene Israel ("filhos de Israel"). Na Etiópia, Beta Israel ("casa de Israel"). Ambos têm o fenótipo de sua região, parecendo-se com indianos e negros.
A historiadora britânica Shalva Weil acredita que sejam descendentes de tribos perdidas, e alguns rabinos tendem a concordar, ligando os etíopes à tribo de Dan. Ambos passaram por testes genéticos que indicaram uma possível ligação com judeus. Mas, em ambos os casos, bem posterior à diáspora, não mais de 1600 anos para os etíopes e 1050 para os indianos. Shalwa também fez muito barulho no começo dos anos 2000 ao afirmar que "os talibãs são judeus". Ela se referia à teoria, que data de escritos islâmicos medievais, de que os afegãos da etnia pashtum – a do Talibã – eram descendentes das tribos perdidas. O DNA também não ajudou: testes os ligaram às populações do resto da região. Isto é, são nativos.
Historicamente, a lista incluiu candidatos bem mais insólitos: quando chegaram à América, os espanhois achavam que os astecas eram descendentes das tribos perdidas. Também houve quem acreditou que os citas, nômades ao estilo mongol que aterrorizavam as estepes entre o Ponto e o Mar Cáspio, seriam judeus. E até alguns historiadores japoneses chegaram a cogitar se alguns dos hábitos nacionais não teriam vindo das tribos perdidas.
A maioria dos historiadores acredita que as tribos simplesmente perderam a identidade, e que muitos se refugiaram em Judá. Jerusalém parece ter crescido cinco vezes de tamanho logo após a conquista. O historiador britânico Tudor Parfit, da Universidade de Londres, que estudou por décadas povos que clamaram ser descendentes das tribos perdidas, diz que, sobre a sobrevivência, "é tudo, de fato, um mito".
Por Fabio Marton


quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Patrimônio Vivo de Alagoas, Mestre Maria Flor morre aos 88 anos

Mestra era referência no Guerreiro alagoano, consagrada como a rainha do guerreiro no Estado

Texto de Paula Nunes
A mestra do Guerreiro Maria Flor dos Santos, popularmente conhecida como Dona Flor – “Senhora dos Anéis” - , faleceu na madrugada de segunda-feira (10.12.2018), aos 88 anos. A causa da morte não foi divulgada pela família. Mestra Maria Flor era considerado Patrimônio Vivo de Alagoas pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), desde 2009.

Sempre lembrada por estar sempre cheia de enfeites brilhantes e coloridos. Muitas pulseiras, colares e brincos, roupas de cores vibrantes e vistosas, unhas e lábios sempre pintados de vermelho, detalhes que sempre remeteram a Maria Flor, uma autêntica rainha, dentro e fora do guerreiro.

Começou a dançar aos dez anos na casa de seus pais e muito nova foi Estrela de Ouro e Rainha. Costumava dizer que a coisa melhor do mundo é o guerreiro. Dona Flor participou do projeto “Mestre na Escola”, da Secretaria de Estado da Educação, criando, junto com o mestre Juvenal Leonardo, o belíssimo “Guerreiro das Artes”, no Núcleo de Extensão Artístico, do CEPA.

Em 2009, foi considerada Patrimônio Vivo, pela lei de Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas, assumindo o compromisso de repassar o saber e o fazer da nossa cultura popular as novas gerações, sempre com o objetivo de preservar e divulgar o folclore alagoano.

Mellina Freitas, titular da Secult, lamenta a morte de Maria Flor. “A cultura alagoana perde uma das flores. Maria Flor dos Santos, a Dona flor, deixa uma lacuna entre os mestres da cultura popular. A rainha de Guerreiro será para sempre lembrada por sua alegria, vibração e amor às nossas tradições. Meu profundo pesar a todos os amigos e familiares”, disse.

Fonte: www.agenciaalagoas.al.gov.br

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Brasil ocupa 4° lugar em ranking de tributos na conta de luz

Cerca de 40% do valor é só correspondente a impostos
A redução de encargos e tributos nas contas de luz do país, resultaria em uma tarifa mais barata para o consumidor, é o que defende a Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee). A associação lançou nesta terça-feira (4) um estudo comparativo com 33 países que mostra que o Brasil possui a quarta maior carga tributária na conta de luz, ficando atrás apenas da Dinamarca, Alemanha e Portugal.
De acordo com o estudo, que levou em consideração valores tarifários de 2017, 64% do valor que os dinamarqueses pagam pela luz corrrespondem a tributos. Na Alemanha, esse percentual equivale a 55%; em Portugal, a 52%; e no Brasil totaliza 41%. Os dados mostram ainda que as menores cargas tributárias são cobradas no Reino Unido (5%) e no Japão e Austrália, ambos com 9% de encargos tributários.
No ranking da Abradee, o Brasil ocupa uma posição intermediária no preço final da energia elétrica, ficando na 16ª posição. A Alemanha aparece em primeiro lugar, com preço médio da tarifa residencial mais alto de todos, equivalente US$ 359 por Megawatt-hora (MWh). Em seguida vem a Bélgica, onde o preço médio da energia é de US$ 335/MWh, e a Dinamarca com US$ 334 MWh. As menores tarifas são cobradas no México, com média de US$ 64/MWh; Coréia do Sul, com US$ 107/MWh e Canadá com US$ 109/MWh.
Caso houvesse redução na carga tributária, a tarifa média de luz no Brasil passaria de US$ 200/MWh para US$ 118/MWh e o país passaria a ocupar a nona posição no ranking das menores tarifas.
Preço em reais
Em reais, o custo médio da energia no pais fica em R$ 470/MWh, dos quais R$ 55 são relativos a encargos e tributos. A Região Sudeste paga a maior parcela de encargos, R$ 63/MWh, com custo médio da energia em R$ 470/MWh. O menor valor de encargos está no Nordeste, R$ 34/MWh, com custo médio da energia em R$ 464 MWh.
Dos 41% de encargos e tributos, o estudo aponta que 27,4% respondem diretamente a impostos. Já os encargos relativos a Conta do Desenvolvimento Energético (CDE) somam 10%. A CDE fomenta políticas públicas voltadas para a universalização do serviço de energia elétrica em todo o território nacional; concessão de descontos tarifários para usuários de baixa renda, rural, serviço público de água, esgoto e saneamento, geração e consumo de energia de fonte incentivadas, entre outros.
Outros 10% vão para o Programa de Incentivo das Fontes Alternativas de Energia (Proinfa); enquanto que os 2,1% restantes correspondem a Encargos de Serviço do Sistema (ESS) e de Energia de Reserva (EER) e pesquisa e desenvolvimento.
De acordo com o presidente da Abradee, Nelson Leite, para as distribuidoras os encargos contidos na CDE são neutros, pois são repassados ao consumidor. A associação pontua que é preciso debater os encargos do setor e definir parâmetros para a sua continuidade e citou como exemplo os subsídios para a chamada microgeração distribuída, voltados para quem produz e injeta energia nas redes das distribuidoras.
“Esses consumidores não pagam pelo uso da rede e a distribuidora vai ter uma perda de receita por conta dessa fatia. Mas nesses casos, ela arca com essa diferença até a próxima revisão tarifária e quando isso chegar, o regulador vai cobrar do consumidor esse custo”, disse Leite. “Precisa ter prazo para começar e terminar. Você cria um subsídio para estimular uma determinada atividade econômica e ela fica competitiva, então você não precisa mais dele”, acrescentou.
O presidente da Abradee disse ainda que debateu o tema com as equipes do atual e do próximo governo, apresentando um levantamento de todos os subsídios. “O governo atual tem ciência dessa questão dos subsídios e tem ciência de que não se consegue fazer a modicidade tarifária sem rever essa questão. Colocamos isso também para a nova equipe econômica como um ponto de aperfeiçoamento do modelo”, disse.
Acompanhamento da conta de luz
A Abradee informou também que lançou uma plataforma de conteúdo para disponibilizar informações sobre o setor elétrico. Batizada de Energia Sempre com Você, a plataforma inclui vídeos, ebooks, podcasts e outros conteúdos sobre o segmento. De acordo com o presidente da associação, a medida visa a buscar maior proximidade com os consumidores. “Estamos vivendo transformações tecnológicas disruptivas no setor de energia elétrica”, disse Leite. De acordo com o executivo, em breve, aplicativos possibilitarão aos consumidores acompanharem o gasto de energia online.
“[Com essas mudanças], o consumidor passa a ser consumidor-produtor, gerando também a sua renda e adotando uma postura mais ativa com relação a rede; um maior empoderamento. E por isso é importante que ele tenha mais informações e que sua relação com a distribuidora seja pautada por um conjunto de informações com rapidez e transparência”, disse. "A digitalização do setor vai nos trazer um volume de dados enorme com uma quantidade enorme de sensores nas redes enviando informações que o consumidor poderá ter acesso online”, disse Leite.
Em novembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) lançou um aplicativo chamado Aneel Consumidor que promete ajudar os consumidores a entender a composição da conta de luz e facilitar a apresentação de reclamações, sugestões, elogios e denúncias relacionados à qualidade do serviço prestado pelas empresas concessionárias e permissionárias. De acordo com a agência, o objetivo do aplicativo Aneel Consumidor é simplificar o atendimento e dar mais transparência sobre a cobrança das tarifas de energia.




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