A HISTÓRIA E O FILME DO CINEASTA CECIL B. DeMILLE
Durante o governo de Ramsés
I no Antigo Egito, o faraó é informado de que os escravos hebreus acreditam que
uma estrela vista recentemente anuncia a chegada de um libertador. O faraó,
então, ordena a morte de todas as crianças do sexo masculino nascidas de mães
judias.
Jocabed, uma escrava judia, consegue salvar o seu filho, abandonando-o dentro
de uma cesta nas águas do Nilo. A criança é encontrada por Bítia, uma jovem
viúva filha do faraó, que lhe dá o nome de Moisés. Declarando que seu filho
será um príncipe do Egito, Bítia obriga sua criada Memnet a jurar que nunca
revelará a verdadeira origem da criança, mas esta secretamente guarda o cueiro
que ela vestia. Moisés é criado como um príncipe.
Trinta anos depois, o irmão de Bítia, Seth, torna-se faraó. Na época, Moisés é
muito amado pelos egípcios, até mais do que o próprio filho do faraó, Ramsés
II. Este tem uma profunda inveja de Moisés, que acaba de voltar da Etiópia
depois de uma estrondosa vitória militar. O faraó repreende Ramsés por não ter
concluído a cidade do tesouro para o seu próximo jubileu. Este diz que seu
fracasso foi devido à teimosia dos escravos hebreus. Por insistência de Ramsés,
Moisés é enviado para supervisionar a construção da nova cidade, muito a
contragosto de Nefretiri, a princesa que deve se casar com o herdeiro do faraó.
Esta acha-se apaixonada por Moisés, que partilha a sua paixão, apesar de Seth
não ter anunciado se Moisés ou Ramsés irá sucedê-lo.
Em Gósen, onde a nova cidade está sendo construída, Moisés supervisiona Baka, o
grande construtor de coração frio. No local, também se acha Datã, um hebreu
cruel que se tornou um supervisor. Datã e Baka, ambos desejam Lília, uma
escrava que se acha apaixonada pelo cortador de pedras, Josué. Um dia, Jocabed,
agora uma mulher de idade, é quase esmagada pelas enormes pedras que estão
sendo utilizadas na construção da nova cidade. Josué é condenado à morte por
tentar salvá-la e, em seguida, Lília corre na multidão para encontrar Moisés e
implorar sua misericórdia.
Ao examinar a cena, Moisés liberta Jocabed e Josué, e decreta que não só os
exaustos escravos devem ter um dia de descanso, como devem ser alimentados a
partir dos celeiros do templo. Logo, a cidade fica quase concluída, e embora
Ramsés e os sacerdotes gananciosos tentem jogar Seth contra Moisés, Seth fica
satisfeito com o progresso por ele obtido. Seth anuncia sua intenção de nomear
Moisés seu sucessor, mas Memnet, determinada a não deixar um hebreu sentar-se
no trono do Egito, revela a verdade sobre seu nascimento à Nefretiri.
Desesperada para proteger seu amado, Nefretiri mata Memnet e tenta encobrir
suas ações. Ela confessa tudo a Moisés, no entanto, quando este encontra o
cueiro. Espantado com a notícia, Moisés procura Jocabed, a quem Nefretiri
revela ser sua mãe. Ele a encontra exatamente no momento em que Bítia está
suplicando para que ela deixe o Egito antes que ele descubra a verdade. Diante
de tal situação, Jocabed não consegue negar que ele seja seu filho. Moisés
aceita sua origem.
Depois de ser saudado por Miriam e por seu irmão Aarão, Moisés começa a
trabalhar nos poços de lama, a fazer tijolos ao lado dos escravos que um dia
ele comandou. Embora Jocabed esteja convencida de que o filho é o libertador,
ele permanece em dúvida sobre o Deus dos hebreus.
Mais tarde, Nefretiri implora a Moisés para voltar para o palácio antes que
Seth tome conhecimento de sua situação. O argumento de Nefretiri de que ele
pode ajudar melhor o seu povo depois que se tornar faraó parece influenciar
Moisés, mas ele afirma que primeiro tem que ver Baka, que obrigou Lilia a ser
sua escrava. Moisés chega quando o frio construtor está prestes a chicotear
Josué, que tinha vindo para resgatar Lilia. Enfurecido por sua insensibilidade,
Moisés o mata e, em seguida, revela sua origem para Josué.
Espantado, o cortador de pedra declara que Moisés é o libertador, e suas
palavras são ouvidas por Datã, que informa Ramsés. No dia do jubileu de Seth,
Ramsés anuncia que capturou o libertador hebreu, oportunidade em que Moisés é
apresentado acorrentado aos cortesãos. Abalado, Seth pergunta-lhe se ele
lideraria os escravos numa revolta contra ele, ocasião em que Moisés confessa
que os libertaria se pudesse. De coração partido, Seth anuncia que Ramsés irá
sucedê-lo e se casar com Nefretiri, deixando o destino de Moisés nas mãos do
futuro faraó. Em seguida, Ramsés o escolta até a margem do vasto deserto, onde
o deixa dizendo: “Vá adiante em busca de seu reino”. Apesar da falta de água e
de alimentos, Moisés atravessa o deserto até chegar à Madiã, onde, exausto,
senta-se junto a um poço. As sete filhas de Jetro, sacerdote de Madiã, vêm
tirar água do poço para dar de beber às ovelhas do pai, quando encontram
Moisés. Alguns pastores se aproximam para expulsá-las, mas Moisés as defende e,
em seguida, dá de beber ao seu rebanho. Ao tomar conhecimento do ocorrido,
Jetro o acolhe em sua casa e ele termina se casando com a filha mais velha,
Séfora. Anos depois, o casal tem um filho, Gerson, enquanto no Egito, o agora
faraó Ramsés tem um filho com Nefretiri.
Um dia, quando conduzia o rebanho para além do deserto, Moisés chega ao monte
de Deus, Horeb. Ao avistar uma sarça ardente, ele sobe o morro e ouve a voz de
Deus que lhe ordena a voltar ao Egito, a fim de liderar os israelitas em sua
jornada até o Sinai, onde receberão as Leis de Deus. Tocado pela luz do
Espírito Eterno, ele decide voltar ao Egito, ocasião em que Josué, que havia
escapado de lá, e Séfora pedem para acompanhá-lo.
Ao chegar ao Egito, Moisés confronta Ramsés, exigindo a liberdade de seu povo.
O faraó ri de sua exigência, enquanto Nefretiri se emociona ao vê-lo vivo.
Mesmo quando Moisés faz com que seu cajado se transforme numa serpente que
engole as dos sacerdotes egípcios, Ramsés continua a ignorar seus pedidos por
acreditar que se trata de um truque de mágica, até mesmo quando o Egito é
atingido por nove pragas. Quando Moisés transforma o Nilo em sangue por sete
dias, os consultores de Ramsés o aconselham a ceder às suas exigências, mas o
faraó ainda insiste em que deve haver uma explicação natural para o fenômeno.
Ao voltarem a se encontrar, Ramsés comunica a Moisés que, no dia seguinte, seus
soldados irão matar todos os primogênitos hebreus, mas suas palavras se voltam
contra ele, pois, enquanto os hebreus protegem seus filhos pintando suas portas
com sangue de cordeiro, uma peste se espalha e mata cada filho primogênito
egípcio, incluindo o próprio filho do faraó.
De luto, Ramsés concede a liberdade dos escravos exigida por Moisés,
iniciando-se o êxodo do Egito. A vingativa Nefretiri, no entanto, zomba do
marido até que ele ordena que seus homens persigam os escravos libertados.
Quando as forças egípcias encontram os hebreus na altura do Mar Vermelho, Datã
tenta fazer com que o povo se revolte contra Moisés por achar que ele os está
levando para a morte. Entretanto, para demonstrar o poder do Senhor, Moisés usa
seu cajado para abrir um caminho no Mar Vermelho e permitir que seu povo o
atravesse sem risco, enquanto uma coluna de fogo retém os egípcios. Quando o
fogo se dissipa, Ramsés dá ordens para que seus soldados cruzem o Mar Vermelho,
mas antes que eles possam alcançar os hebreus, Moisés restaura o mar e os
egípcios são afogados. Derrotado, Ramsés retorna ao palácio e lá declara a
Nefretiri que o Deus de Moisés não pode ser desafiado.
Logo depois, Moisés conduz seu povo à base do Monte Sinai e sobe a montanha
para receber as Leis de Deus. Quarenta dias se passam, deixando as pessoas cada
vez mais ansiosas. Datã, mais uma vez, exorta o povo a matar Moisés e retornar
ao Egito, onde pelo menos podem encontrar comida. Datã assegura que, se eles
seguirem um ídolo egípcio, estarão a salvo da ira do faraó. A Aaron é, então,
ordenado que construa um enorme bezerro dourado. Enquanto isso, no Monte,
Moisés testemunha o dedo de Deus esculpir seus Dez Mandamentos em duas tábuas
de pedra.
Ao descer do Sinai para partilhar as leis, Moisés fica horrorizado ao ver o
povo adorando o bezerro. Datã tenta desafiá-lo, mas Moisés joga as tábuas no
chão, causando um imenso terremoto que engole os não crentes. Embora sejam forçados
pela ira de Deus a vagar pelo deserto por quarenta anos, Moisés e seu povo
continuam fortes em sua fé, até que um dia, eles chegam ao Rio Jordão onde, do
outro lado, encontra-se a terra prometida.
Moisés informa sua família que Deus lhe disse para não atravessar o rio. Assim,
ele entrega seu cajado e seu manto a Josué, ungindo-o como o novo líder. Com as
tábuas restauradas na Arca da Aliança, Moisés exorta seu povo a proclamar a
liberdade em toda a terra e, em seguida, dá adeus enquanto sobe o Monte Nebo.
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Cena do filme biblíco da Paramount Pictures, 1956 |
COMENTÁRIOS
Com quase três horas e meia
de duração, “Os Dez Mandamentos”, além de ser um filme cativante e de bom
gosto, é um épico no verdadeiro sentido da palavra. Produzido e dirigido pelo
cineasta Cecil B. DeMille, sua história gira em torno da vida de Moisés,
príncipe egípcio que descobre ser sua mãe biológica uma escrava hebréia, e que
é escolhido por Deus para libertar seu povo do Egito e para receber, no alto do
Monte Sinai, as tábuas com os Dez Mandamentos escritos pelo Senhor.
Trata-se do último filme de DeMille como diretor. Dois anos depois, ele
encerraria definitivamente sua carreira no mundo do cinema, ao trabalhar como
produtor executivo do filme “Lafitte, o Corsário”, de Anthony Quinn, na época
seu genro.
Com um grande orçamento, tudo nesse filme é gigantesco: enormes cenários,
milhares de figurantes, etc. O elenco é igualmente impressionante. Em sua
interpretação de Moisés, Charlton Heston apresenta um carisma extraordinário.
Yul Brynner, por outro lado, nos faz acreditar ser ele um membro da realeza
egípcia daquela época. Aos dois, somemos ainda as interpretações de Anne Baxter
como a princesa Nefretiri, Edward G. Robinson como o traidor Datã, Vincent
Price como o frio construtor Baka, Yvonne De Carlo como a esposa de Moisés, Debra
Paget como a escrava Lília, John Derek como Josué, John Carradine como Aarão,
irmão de Moisés, Martha Scott como Jocabed e Nina Foch como a filha do faraó e
mãe de criação de Moisés, todos muito bem. Apenas uma ressalva para a escalação
de Nina Foch como mãe adotiva de Moisés, uma vez que, na vida real, Charlton
Heston (o filho) é seis meses mais velho que ela (a mãe).
“Os Dez Mandamentos” nos brinda ainda com inúmeras cenas memoráveis, tais como
a abertura do Mar Vermelho para a passagem dos hebreus, as diversas pragas que
assolam o Egito, especialmente aquela que transforma as águas do Rio Nilo em
sangue, entre outras.
Ganhador do Oscar de Melhores Efeitos Especiais, o filme recebeu ainda cinco
outras indicações, inclusive a de melhor filme do ano.
O filme foi produzido pelos
Estúdios da Paramount Pictures, em VistaVision, Technicolor 35mm. Anos depois
acompanhando a mágia do cinema, nos foi apresentado em CINERAMA, 70mm e Som
Stereofonic.
Fonte: www.75anosdecinema.pro.br