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Mapa do Estado de Alagoas |
O martírio do bispo dom Pero
Fernandes Sardinha, em mãos dos caetés; a epopéia do quilombo dos Palmares, em
fins do século XVII; e a expressiva participação da intelectualidade alagoana
nas lutas em favor da abolição da escravatura e da república -- estes são
somente alguns dos momentos mais destacados da história de Alagoas, estado que
já foi chamado "terra dos marechais".
Alagoas, na região Nordeste do
Brasil, limita-se ao norte com Pernambuco, a leste com o oceano Atlântico, ao
sul com Sergipe e a oeste com a Bahia. Ocupa uma superfície de 27.933km2. A
capital é Maceió.
Geografia física
Cerca de 86% do território alagoano se encontra abaixo de 300m de
altitude, e 61% abaixo de 200m. Apenas um por cento fica acima de 600m. Cinco
unidades compõem o quadro morfológico: (1) a baixada litorânea, com extensos
areais (praias e restingas) dominados por elevações de topo plano (tabuleiros
areníticos); (2) uma faixa de colinas e morros argilosos, imediatamente a
oeste, com solos espessos e relativamente ricos; (3) o pediplano, ocupando todo
o interior, com solos ricos, porém rasos, e uma topografia levemente ondulada,
da qual despontam as serras de Mata Grande e Água Branca, no extremo oeste do
estado; (4) a encosta meridional do planalto da Borborema, no centro-norte,
parte mais elevada de Alagoas; (5) e planícies aluviais (várzeas), ao longo dos
rios, inclusive o delta e a várzea do baixo São Francisco (margem esquerda),
com solos anualmente renovados por cheias periódicas.
A rede hidrográfica do estado é constituída por rios que correm
diretamente para o oceano Atlântico (como, por exemplo, o Camaragibe, o Mundaú,
o Paraíba e o Coruripe) e por rios que deságuam no São Francisco (como o
Marituba, o Traipu, o Ipanema, o Capiá e o Moxotó).
Três tipos de cobertura vegetal, em
grande medida modificados pela ação do homem, revestiam o território alagoano:
a floresta tropical na porção úmida do estado (microrregião da mata alagoana);
o agreste, vegetação de transição para um clima mais seco, no centro; e a
caatinga, no oeste. Toda a metade oriental do estado possui clima do tipo As,
de Köppen, quente (médias anuais superiores a 24o C), com chuvas de
outono-inverno relativamente abundantes (mais de 1.400mm). No interior dominam
condições semi-áridas, clima BSh, caindo a pluviosidade abaixo de 1.000mm; essa
região está incluída no chamado Polígono das Secas. As estações do ano são
perfeitamente definidas pela periodicidade das chuvas. O verão tem início em
setembro e termina em fevereiro e o "inverno" começa aproximadamente
em março, terminando em agosto. A temperatura não sofre grandes oscilações,
variando, no litoral, entre 22,5 e 28o C, e no sertão, entre 17 e 33o C.
População
Alagoas é um dos estados brasileiros
mais densamente povoados (cerca de 86 hab./km2). A vida média dos habitantes do
estado é de 46-91 anos.
As maiores concentrações populacionais
ocorrem na tradicional zona da mata e nas encostas de Borborema, onde se
verificam densidades superiores a 100 hab./km2. As áreas de mais escasso
povoamento correspondem aos solos pobres dos tabuleiros litorâneos e às terras
secas do sertão. A população se divide em partes praticamente iguais entre as
zonas rural e urbana.
As principais cidades do estado são
Maceió, Arapiraca, Palmeira dos Índios e Penedo. Maceió, além de capital, porto
exportador de açúcar e centro industrial (têxteis e produtos alimentares),
desempenha também, em relação ao comércio e aos serviços, as funções de capital
regional para todo o território alagoano e uma pequena parte do norte de
Sergipe. Sua zona de influência mais direta restringe-se à fachada oriental do
estado. No restante da área de influência atua por meio de dois centros
intermediários: Palmeira dos Índios, que serve ao Agreste e ao Sertão, e
Penedo, que serve à parte meridional do estado e alguns municípios sergipanos.
Arapiraca, segunda cidade do estado, é o entreposto comercial da região
fumageira do Agreste.
Economia
Agricultura e criação. Cerca de
metade da população ativa de Alagoas está ocupada no setor primário. A
principal atividade, a grande lavoura comercial, encontra-se na zona da mata,
sobretudo onde predominam os solos ricos de humo. A cultura canavieira
constitui aí o principal elemento da paisagem. As plantações recobrem os solos
argilosos das colinas e morros e as várzeas dos rios. Também grandes lavouras
comerciais são a monocultura do arroz, nos aluviões do baixo São Francisco, e a
do coco, nas areias da orla marítima. Ainda na microrregião da mata,
desenvolvem-se pequenas lavouras comerciais ligadas ao abastecimento dos
centros urbanos. O agreste é domínio quase exclusivo dessas pequenas lavouras
(fumo, milho, mandioca, feijão, algodão).
No sertão a agricultura se vê
reduzida à atividade subsidiária da criação, limitando-se a pequenas culturas
de subsistência praticadas especialmente nas encostas das serras de Água Branca
e Mata Grande, graças às chuvas de relevo que aí ocorrem. A criação de gado
bovino apresenta certo vulto no interior, sobretudo na área de transição do
Agreste para o Sertão, onde se desenvolve a pecuária leiteira (municípios de
Jacaré dos Homens, Major Isidoro e Batalha).
Possuindo muitas lagoas, diversos
rios e uma extensa costa marítima, o estado conta com considerável riqueza de
pescado, cujo aproveitamento entretanto, se faz ainda segundo práticas
tradicionais.
Indústria. As principais atividades
industriais são a fabricação de produtos alimentares, especialmente açúcar
(existem numerosas usinas na microrregião da mata) e de tecidos (Maceió, Rio
Largo, São Miguel dos Campos, Palmeira dos Índios e Delmiro Gouveia). Nos
últimos anos, em conseqüência da ação da Sudene (Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste), o parque industrial vem sendo diversificado e
ampliado.
Alagoas é o maior produtor nacional
de amianto, que se extrai em Jirau do Ponciano. Produz também apreciável
quantidade de petróleo e gás natural em cinco campos (Tabuleiro do Martins,
Miguel dos Campos, Coqueiro Seco e mais dois na plataforma submarina). Os
campos petrolíferos alagoanos produziam no começo da década de 1990 uma média
anual em torno de 700.000m3 de petróleo. Nas proximidades de Maceió, na região
de Pontal da Barra, foram descobertas grandes jazidas de sal-gema, cuja
exploração abre ao estado importantes perspectivas de desenvolvimento
econômico, a cargo de um dos maiores projetos da Sudene, a Salgema Indústrias
Químicas, responsável por cinqüenta por cento do cloro consumido no país e mais
de um terço de toda a demanda de soda cáustica na década de 1980.
As possibilidades da coleta no meio
vegetal são reduzidas em face da situação fisiográfica do estado, integrante da
região Nordeste. Mesmo assim alguns produtos vegetais podem ser citados: tucum,
caroá, piaçaba, casca de angico, castanha-de-caju e sisal, o último já
parcialmente plantado.
Energia e transporte. O estado dispõe
de amplos recursos energéticos, assegurados pela usina hidrelétrica de Paulo
Afonso, instalada na divisa dos estados da Bahia, Alagoas e Pernambuco. Mais de
uma quarta parte do consumo anual de energia destina-se a uso industrial. Das
estradas de rodagem de Alagoas poucas são pavimentadas e a rede ferroviária do
estado é pequena. A rodovia mais importante é a BR-101, que faz a ligação
Natal-Recife-Salvador. É toda pavimentada, e em seu percurso existe uma ponte
rodoferroviária sobre o rio São Francisco. Grande parte da produção do interior
flui para Maceió pela BR-316. A capital é ponto de partida da Rede Ferroviária
do Nordeste, no estado. A linha tronco se bifurca em Rio Largo, lançando um
ramal para o norte e outro para o oeste. O porto de Maceió, o quarto do
Nordeste em movimento de carga, especializa-se na exportação de açúcar.
Turismo. O turismo teve grande
desenvolvimento no estado a partir da década de 1980, quando Maceió passou a
expandir sua rede hoteleira. Além de suas lagoas, onde se localizam vários
sítios de recreio, Maceió possui numerosas praias com renques de coqueiros e
onde se vêem dezenas de jangadas (praias de Ponta Verde, Pajuçara, Sobral e
Pontal da Barra). Restaurantes de comida típica constituem especial atrativo
para turistas de todo o país. Nas margens do São Francisco, a cidade histórica
de Penedo conserva valioso patrimônio artístico em suas igrejas do séc. XVII.
No extremo oeste do estado encontram-se o parque nacional de Paulo Afonso, com
a cachoeira do mesmo nome.
Fonte: Enciclopédia Barsa. * www.f1colombo-geografando.blogspot.com.br